Gostaria de levantar uma
discussão que acho ser de relevância para a prática pagã. Normalmente a galera
tradicionalista e praticantes de alta magia, baixa magia e magia cerimonial
(não estou usando aqui todas as práticas que se adequam aos termos, estou
falando das práticas tradicionais referentes aos termos), retomando, um número
significativo de praticantes destas magias olham com menosprezo pelos
praticantes de Wicca, por exemplo.
Basicamente, o que há de
comum nestas práticas é o uso de palavras de grande poder e chaves de acesso
utilizadas na magia. Em geral, percebe-se o uso de nomes de poder referentes à
bíblia, ao Deus judaico - Tetragrammaton, e aos elaborados e usados e aceitos
há um bom tempo como o Abracadabra. Na cabala judaica, que por sinal é
riquíssima, temos a parada da gematria que atribui números a letras. Os números
podem ser lidos da forma extensa como por exemplo: 666 ou reduzidos aos números
de 1 à 9. Não precisamos nem falar do poder deste número no imaginário das
pessoas.
O quadrado do sol é um
quadrado de 6x6, se somarmos cada linha ou cada coluna encontramos o número
111. Se somarmos os valores de cada linha ou de cada coluna entre si temos o
número 666. Assim: o quadrado tem 6 linhas, cada linha tem como somatório 111,
6 linhas somadas, temos 111 x 6 que é igual a 666. Se quisermos uma qualidade
benéfica do sol selamos o quadrado com o sigilo de Nachiel que é obtido
atribuindo números às letras de Nachiel que somando dão 111 e jogando no
quadrado mágico obtemos o sigilo de Nachiel. Da mesma forma, se quisermos um
viés negativo atribuído ao sol, utilizamos o sigilo de Sorath que possui número
gemátrico igual a 666. Nota-se que este número na bíblia não é atribuído a boa
coisa:
Se pensarmos na simbologia
de lúcifer como o sol negro, corrente aceita até pelos pagãos que atribuem
Lúcifer ao Deus romano e não ao anjo. Existem ‘n’s explicações e atributos ao
sol negro. Vamos analisa-lo como os aspectos negativos associados ao sol.
Inclui aí a vaidade e o orgulho. Pecados esses atribuídos ao anjo Lúcifer.
Sabemos que o número 666 é atribuído ao anticristo. Figura bem condizente com
Lúcifer como o ser que traz de volta à moda o paganismo. O Lúcifer romano é
associado ao planeta vênus. O planeta vênus é o corpo celeste que mais brilha
no céu depois do sol e da lua. Lúcifer (anjo) no seu viés transgressor tenta
roubar o lugar de Deus e sua glória. É recorrente a associação do Deus na Wicca
com o sol. Temos mercúrio o astro mais próximo de Deus mantendo guarda e
defendendo o astro rei. Por estar tão próximo, mercúrio é ofuscado pela luz do
sol. Mercúrio nas magias tradicionais é atribuído ao Miguel, o arcanjo. Lúcifer
(anjo) é derrotado por Miguel e cai do céu com um terço dos anjos. Mas, como
Ele não conseguiu tomar o lugar de Deus coube a Ele a sombra de Deus. Assim
sendo, coube a Ele o anti-sol, ou melhor o sol negro.
Dentro de uma visão pagã,
utilizamos os planetas em invocações/evocações e outras paradas. Os magos tradicionais
usam anjos em suas conjurações. Mas por que muitos deles se julgam mais fortes
e menosprezam os wiccanos? Quando um pagão utiliza um corpo celeste, não é
muito diferente do que um mago cerimonial chamando anjos. Por exemplo: O mega
mago poderoso e grande em sua soberba chama por Miguel em banimentos e
exorcismos. Miguel nada mais é que o planeta mercúrio. Se pensarmos que
mercúrio é associado a Hermes, um Deus grego, temos aí um Deus na parada e não
simplesmente um escravo de Javé! Como exemplo temos: Zadkiel associado ao
planeta e porque não ao Deus Júpiter, Camael associado ao planeta Marte, Rafael
ao Sol, Haniel ao planeta Vênus, Miguel ao planeta Mercúrio e Gabriel à Lua.
O que eu quero dizer com
tudo isso, é que não importa o nome atribuído à força solicitada no trabalho
mágico. Os magos tradicionais tiram seus nomes de poder e chaves de acesso nas
escrituras sagradas, apócrifos, kabbalah, Zohar, entre outros. Pense comigo:
Imagine um objeto que tenha uma certa força e poder. Vamos supor que este
objeto maravilhoso seja uma cadeira. Aqui no brasil chamamos tal objeto de
cadeira. Em outras nacionalidades este objeto terá outro nome, como chair,
silla, chaise... Agora, se um alienígena chegar na Terra e encontrar este
grande objeto de poder, ele dará o nome que faça sentido à sua existência e
estará acessando um objeto de uma egrégora (a Terra) e dará outros nomes e
funções para o objeto, assim esse objeto fará parte também de uma egrégora
alienígena. Note que o objeto é o mesmo, possui o mesmo poder cabalístico ou
pagão: Ele possui a imensa glória de oferecer um descanso ou lugar confortável
para trabalho. Esse é o poder da cadeira interestelar, o nome atribuído a ela e
toda a parada de como ela surgiu, sua cosmogonia, se de um Deus único e poderoso,
se das mãos do homem (corrente que faz sentido na lógica de alguns satanistas
de que o homem criou Deus e não o contrário), ou toda uma criação multi-divina.
Em um banimento pagão posso
usar nomes de poder e chaves de acesso estritamente pagãs que não seriam
menores em poder ou força que as chaves de poder utilizadas pelos magos
cerimonialistas.
Exemplo: Para expulsar
espíritos negativos para o praticante chama-se por Miguel. Eu posso expulsar
tais espíritos chamando Mercúrio ou Hermes. Hermes entre outros atributos é o
Deus que leva as almas dos mortos para seus locais devidos. Eu poderia expulsar
um espírito obsessor de minha casa chamando por Hermes ou Miguel. Tanto faz, o
que se deve levar em conta é não misturar egrégoras. Não se deve utilizar palavras
de poder pagãs com palavras de poder judaico-cristãs. Para conjurar espíritos
usa-se o Tetragrammaton, por exemplo. Eu posso conjurar usando o Estige e seu
juramento. O Estige é um rio do Hades que nem os Deuses greco-romanos se
atrevem a descumprir tal juramento. Então eu posso chamar Hermes para levar
umas almas que estão me atormentando e conjura-lo pelo Estige e seu juramento.
Olha o que nos diz a magia
tradicional em relação aos rios infernais: Samael está atribuído e associado ao
rio Phlegethon do Hades, Azazel ao Cocytus, Azael ao Estige e Mahazael ao
Aqueronte. Poderíamos, de alguma forma que ainda não elaborei de se trabalhar
com espíritos demoníacos habitantes de algum submundo, como os espíritos da
Goetia com imprecações puramente pagãs. Muitos poderiam argumentar que não há
lógica em se trabalhar com espíritos da Goetia de uma forma pagã, porque eles
são frutos justamente da demonização de Deuses pagãos pelo Deus israelita que
se diz único. Voltando ao exemplo de Lúcifer e o sol negro, podemos pensar
nestes espíritos Goéticos como sombras dos Deuses pagãos. Como um sol negro,
uma vênus negra, marte negro..... Parafraseando não me lembro quem: “Há
verdades triviais e há grandes verdades. O oposto de uma verdade trivial é,
simplesmente falso. O oposto de uma grande verdade, também é verdadeiro”.
Como vimos lá em cima que
Azael é associado ao Estige. O Estige sendo um rio e um Deus, sua sombra
demoníaca seria Azael. E quem são estes Samael, Azazel, Azael e Mahazael?
Existem diversos sistemas que atribuem seres como príncipes infernais. Em um
deles temos: Samael, atribuído ao fogo. Azazel, atribuído ao ar. Azael,
atribuído à água. E Mahazael atribuído à terra. Existem outras versões que
atribuem Azazel ao fogo, Samael ao ar, Mahazael à terra e Azael à água.
Então, se eu conjuro pelo
rio de Hades Cocytus eu tenho uma palavra de poder de grande valia. Muitos
bruxos tentam ter uma religiosidade estritamente pagã, como os wiccanos. Como
eu argumentei no exemplo da cadeira, pouco importa o nome que atribuímos ao
objeto. O que importa é o objeto em si e seu poder atribuído. Um pagão wiccano
usando o nome de poder Cocytus terá uma força enorme atribuída nas suas
feitiçarias. Mas com que diabos estaríamos falando dentro da visão dos magos
tradicionalistas?
Como disse, Cocytus é
associado ao príncipe infernal Azazel. Quem é Azazel?
Azazel, que no Zohar é um
dos anjos expulsos do céu que pecam com as filhas dos homens e que ensinam
feitiçaria aos homens. Isso também se afirma no Livro de Enoch:
Que poder eles tinham [os
homens] para conseguir atrair do céu as estrelas? Não seriam capazes de tal
proeza não fosse a artimanha de ‗UZZA, ‗AZZA e ‗AZZIEL, que lhes ensinaram
feitiços com os quais podiam atrair as estrelas e usá-las. (Hebrew, Book of
Enoch by Rabby Ishmael bem Elisha 5.9, tradução de Hugo Odeburg [Cambridge
University Press, 1928], 16].
O Livro apócrifo de Enoch
diz: E Azazel ensinou os homens a fazer espadas, e facas, e escudos, e
peitorais, e lhes apresentou o metal (da terra) e a arte de trabalhar com ele,
e braceletes, e ornamentos, e o uso do antimônio, e o embelezamento das pálpebras,
e todo tipo de pedra preciosa, e todas as tinturas coloridas (Enoch 8.1
[Charles 1913, 2:192]).
Recomendo a leitura de:
“Três livros de Filosofia Oculta” de Henrique Cornélio Agrippa
Pense duas vezes antes de
menosprezar o coleguinha wiccano!
(Se for reproduzir o texto
cite a fonte. Todos os meus textos são pessoais e não são plágio de nenhum
lugar. Seja bonzinho (a) e não será amaldiçoado (a)!)
Além destes citados tenho um grande apreço pelos espiritos olímpicos, Och, Bethor etc...
ResponderExcluirShow de bola, manda ver!
ExcluirDigno mestre Yuri,gostaria que vc mim enviasse o ritual de pacto com sagrado anjo guardião.dez já agradeço pela gentileza
ResponderExcluirE por ser um mestre sabio e competente e fiel no seus trabalhos e com seus seguidores.
Namastê,paz profunda.meu endereço eletrônico é josemarioreis282@gmail.com ou josemarioreis1@hotmail.com
Olá José. Não tenho tal material para disponibilizar. Agradeço novamente as palavras. Namastê.
ExcluirPrático Wicca Celta há 20 anos e comecei a estudar Goetia. Tenho tido muita dificuldade com a adaptação do ritual de evocação do Daemon, já li bastante sobre, participo de fóruns e a maioria diz que tenho que seguir o sistema, mas sinto que esse sistema não fará sentido pra mim. Vc tem como me ajudar a fazer essa adaptação?
ResponderExcluirOlá.
ExcluirTem no blog uma versão de goetia mais alinhada com a Bruxaria.
Link:
https://bruxariasemdogmas.blogspot.com/2016/02/meu-metodo-de-goetia-tendo-grande.html