Números
na magia:
Introdução ao assunto-tema
números. Quem conhece meu trabalho sabe que trabalho e relaciono números a
letras. Muito se fala sobre o poder inerente do nome, como em gênesis: "Vá
Adão e nomeie todas as coisas." Lilith descobre a pronúncia do nome
secreto de Deus YHVH e com isso foge do éden e se torna Deusa/demonesa
habitando próxima ao Mar Vermelho. Ísis/Aset descobre o nome secreto de Rá e
com isso adquire seu poder, podendo ressuscitar seu amado Osíris/Wesir. Os
cristãos dizem que o nome de Jesus tem poder e no apocalipse vemos Jesus em sua
forma gloriosa estampando seu verdadeiro nome na testa. Vemos também no
apocalipse a equivalência de número e nome (letras) quando se afirma que o
número 666 da besta é o número do nome de um homem e que quem for sábio que o
calcule. Em exorcismos é imprescindível descobrir o nome do demônio que possui
o indivíduo a ser exorcizado, pois de posse do nome se tem poder sobre a coisa.
Dentro da magia de sigilação que eu professo reduzo nomes a números para
sigilar em quadrados mágickos. Essa é uma introdução ao tema números. Nos
próximos artigos trataremos dos números em si, 1, 2, 3, 4...
De
números, de seu poder e de sua virtude:
Severino Boécio dizia que
todas as coisas feitas pela natureza das coisas em sua primeira Era parecem ser
formadas pela proporção dos números, pois esse foi o principal padrão na mente
do Criador. Portanto, tomou-se emprestado o número dos elementos, e daí o decorrer
dos tempos, o movimento dos astros, a revolução do firmamento, e o estado de
todas as coisas subsistirem graças à união dos números. Os números, por
conseguinte, são dotados de grandes e sublimes virtudes.
(Ver Boécio, A Consolação da
Filosofia 3.9, cuja substância vem de Timaeus, de Platão 29-42.)
E não nos deve surpreender,
diante da existência de tantas e tão grandiosas virtudes ocultas nas coisas
naturais, ainda que de operações manifestas, que haja nos números virtudes
ainda muito maiores e mais ocultas, mais maravilhosas e eficazes, pois são mais
formais, mais perfeitas e ocorrem naturalmente nos celestiais, não se misturando
com substâncias separadas; e tendo por fim a maior e mais simples mistura com
as ideias na mente de Deus, das quais recebem suas virtudes apropriadas e mais
eficazes: são também de mais força e conduzem melhor à obtenção dos dons
espirituais e divinos, assim como nas coisas naturais, as qualidades naturais
são poderosas para transmutar qualquer coisa elementar.
Novamente, todas as coisas existentes
e também feitas subsistem e recebem sua virtude dos números. Pois o tempo é
constituído de números, bem como todo movimento, toda ação e todas as coisas
sujeitas ao tempo e ao movimento.
“O tempo é o número do
movimento dos corpos celestes” (Proclo On Motion 2. Em Taylor [1831] 1976, 86).
Também a harmonia e as vozes
recebem seu poder e são constituídas de números, e suas proporções são oriundas
de números por linhas e pontos que compõem caracteres e figuras: e estes são
apropriados para as operações mágicas, sendo o meio entre os dois obtido pelo
declínio até os extremos, como no uso de letras.
(Agrippa parece estar
dizendo que a eficácia das letras deriva da harmonia numérica da voz e da geometria
numérica de seus símbolos escritos.)
E, por fim, todas as
espécies de coisas naturais e daquelas coisas que estão acima da natureza são
unidas por certos números. Nesse sentido, dizia Pitágoras que o número é aquilo
de que todas as coisas são constituídas, e a cada número ele atribui uma
virtude.
Mas os pitagóricos diziam,
nesse sentido, que existem dois princípios, os quais acrescentavam o pensamento
que lhe é peculiar, de que a finitude e o infinito não eram atributos de certas
coisas, como do fogo ou da terra, ou qualquer outra dessa espécie, mas que o
infinito em si e a unidade em si eram a substância das coisas predicadas. Por
isso, o número seria a substância das coisas (Aristóteles, A Metafísica.
1.5.987a [McKeon, 700]).
E Aristóteles ainda diz:
...e como, então, todas as
outras coisas parecem, em sua total natureza, ser moldadas sobre números, e os
números parecem ser as primeiras coisas em toda a natureza, supõe-se que os elementos
dos números são os elementos de todas as coisas, e que todo o céu seja uma
escala e um número (Ibid., 985b [McKeon, 698]).
Os dois princípios dos
pitagóricos eram o limite e o ilimitado, os quais eles identificavam, respectivamente,
com os números ímpares e pares.
E Proclo dizia que o número
sempre tem em si um ser: mas há um na voz, outro na proporção, outro na alma e
na razão, e outro nas coisas divinas. Themistius, Boécio e Averrois, o Babilônio,
por sua vez, junto com Platão, exaltam os números, chegando a afirmar que
nenhum homem pode ser um verdadeiro filósofo sem eles.
Ora, eles falam de um número
racional e formal, não de um número material, sensível ou vocal, do número em
compra e venda dos mercadores, do qual os pitagóricos, os platônicos e nosso
Agostinho não fazem a menor menção, mas o qual aplicam a uma proporção dele
resultante, número que chamam de natural, racional e formal, de onde fluem
muitos mistérios, assim como em coisas naturais, divinas e celestes. Por meio
do número, traça-se um caminho para encontrar e compreender todas as coisas cognoscíveis.
Por meio dele, tem-se acesso à profecia natural: e o abade Joaquim não
profetizava de nenhum outro modo, senão pelos números.
Seria, portanto,
conveniente, caro Glauco, que se determinasse por lei esse aprendizado e que se
convencessem os cidadãos, que hão de participar dos postos governativos, a
dedicarem-se ao cálculo e a aplicarem-se a ele, não superficialmente, mas até
chegarem à contemplação da natureza dos números unicamente pelo pensamento, não
cuidando deles por amor à compra e venda, como os comerciantes ou mercadores,
mas por causa da guerra e para facilitar a passagem da própria alma da mutabilidade
à verdade e à essência (Platão, A República, 7.525c).
As
grandes virtudes que os números têm, tanto em coisas naturais quanto
sobrenaturais:
Que existe grande eficácia e
virtude nos números, tanto para o bem quanto para o mal, ensinam não só os mais
eminentes filósofos, em unanimidade, mas também os doutores católicos, particularmente
Hierom, Agostinho, Orígenes, Ambrósio, Gregório de Naziazen, Atanásio, Basilio,
Hilário, Rabanus, Bede e muitos outros que assim confirmam. Assim, Hilário, em seus
Comentários a respeito dos Salmos, atesta que os anciões (Números 11:16), de
acordo com a eficácia de seus números, puseram os Salmos em ordem. Também
Rabanus, famoso doutor, compôs um livro excelente das virtudes dos números.
Aqui começam relatos antes
de a medicina ser como a conhecemos. Agrippa escreveu isso por volta do ano 1500
da era comum, mas tais informações podem ser usadas na magia:
Mas as grandiosas virtudes
que os números têm se manifestam na erva chamada cinco-folhas, ou seja, uma gramínea
de cinco folhas; pois ela resiste a venenos pela virtude do número cinco; também
afasta demônios (evitar o mal), conduz à expiação; e uma folha dela tomada duas
vezes por dia em vinho cura a febre de um dia; três vezes, a febre terçã;
quatro, a quartã.
Relata-se que quatro ramos
[da cinco-folhas] curam a febre quartã, três, a febre terçã, e um ramo, a febre
cotidiana: além de outras coisas vãs e frívolas, e muitas que são encontradas
não só em Dioscorides, mas também em outros autores, os quais nós apoiamos
(Gerard 1633, 2:382-H:992).
De modo semelhante, quatro
grãos da semente de girassol, bebidos, curam a quartã, mas três grãos curam a
terçã. Do mesmo modo, dizem que a verbena cura febres se for bebida em vinho,
desde que para a febre terçã ela seja cortada a partir da terceira junta, e
para a quartã, a partir da quarta. Dizem ainda que, se uma serpente for
golpeada uma vez com uma lança, morre; duas vezes, ganha força. Esses e muitos
outros casos são lidos e testificados em diversos autores.
Espécie de girassol
(Crozophora tinctoria) pequena, ou fêmea. Também chamada de heliotrophium minus,
segundo Gerard, não porque ela se vira para o Sol, mas porque floresce no solstício
de verão. É uma pequena planta rasteira, amarela, com pequenas flores cinzas e
amarelas, dispostas de modo irregular. Não confundir com o girassol grande, da
espécie Heliotrophius europaeuni).
Ela [a verbena] é conhecida
por ter uma singular força contra as febres terçãs e quartãs: mas você deve observar
as regras de mamãe Bombies e usar o número exato de nós, ou ramos, e não mais;
do contrário, pode lhe fazer mal. Muitas fábulas populares foram escritas
acerca da Verbena e sua propensão para a feitiçaria e bruxaria, que podem ser
lidas em vários lugares, pois não desejo perturbar o leitor com essas banalidades,
que ouvidos honestos não gostam de ouvir (Gerard 1633, 2:246-C:718-9).
Mamãe Bombie é uma espécie
de figura lendária, como uma rainha das bruxas. Parece que Gerard tinha um
pouco de medo do tema da magia.
Precisamos saber de onde
eles vêm, causa que certamente existe e que é uma proporção variada de diversos
números entre si. Há também um extraordinário experimento do número sete, pois
todo sétimo macho, nascido sem uma fêmea antes, tem poder de curar o mal do rei
só pelo toque ou com a palavra. Também se acredita que toda sétima filha
nascida ajuda maravilhosamente em partos: aqui não se considera o número
natural, mas a consideração formal que existe no número.
(O poder de cura também
residia no sétimo filho de um sétimo filho.)
E que aquilo que mencionamos
antes seja sempre lembrado: esses poderes não se encontram nos números vocais
ou em números de mercadores, comprando e vendendo, mas nos racionais, formais e
naturais; esses são os mistérios distintos de Deus e da natureza. Mas aquele
que sabe juntar os números vocais e os naturais com os divinos, e ordená-los na
mesma harmonia, será capaz de trabalhar e conhecer as coisas pelos números; os
pitagóricos professam que podem diagnosticar muitas coisas pelos números dos
nomes, o que com certeza - a menos que aí se esconda um grande mistério - nos
remonta ao Apocalipse de João (Apocalipse 13:18), dizendo que aquele que tem
entendimento que calcule o número do nome da besta, que é o número de um homem,
e essa é a forma de cálculo mais famosa entre os hebreus e cabalistas, como
mostraremos mais adiante (nos próximos artigos).
... das descobertas feitas
por Pitágoras, uma das mais exatas é o fato de que, no nome dado aos bebês, um
número ímpar de vogais é portentoso de manqueira, perda de visão ou acidentes
semelhantes no lado direito [macho] do corpo e um número par de vogais das
mesmas enfermidades no lado esquerdo [feminino]‖ (Plínio 28.6 [Bostock e Riley
5:287-8]).
Mas saiba que números
simples significam coisas-divinas: números de 10; celestiais: de 100;
terrestres: números de 1.000; aquelas coisas que se darão em uma época futura.
Além disso, as partes da mente correspondem a uma mediocridade aritmética, por
razão da identidade ou de igualdade de excesso unidas; mas o corpo, cujas
partes diferem em grandeza, é composto de acordo com uma mediocridade
geométrica; mas um animal se constitui de ambos, alma e corpo, de acordo com
essa mediocridade, que é apropriada para a harmonia: por isso, os números atuam
muito sobre a alma, as figuras, sobre o corpo, e a harmonia, sobre todo o
animal.
O número 1 na magia
O número 2 na magia
O número 1 na magia
O número 2 na magia
Referência:
"Três livros de
filosofia oculta" - Henrique Cornélio Agrippa.
Olá Eosphorus. Gostaria que você falasse sobre a inserção dos números nos planetas. Uma vez eu vi um praticante de magia colocar uma vela azul para Júpiter e outras quatro menores em volta, e disse que isso é porque 4 é o número de Júpiter. Grata desde já.
ResponderExcluirOlá Sabrina. Os números dos planetas são por conta de sua posição na árvore da vida. Veja o vídeo no canal do youtube da Bruxaria Sem Dogmas sobre cabala egípcia: https://youtu.be/VSogcMFOjis
ExcluirMuito obrigada!
ResponderExcluirDe nada, abraço.
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