O número 2 na magia
Segue o link da introdução
ao estudo dos números aqui no blog sob a perspectiva de Agrippa. O link dessa
introdução estará presente em cada artigo sobre números. Link:
O primeiro número é 2,
porque é o primeiro aglomerado. Não pode ser medido por nenhum outro número
além da unidade, a medida comum a todos os números; não é composto de números, mas
de uma unidade apenas; também é chamado de um número descomposto; mas mais
corretamente de não composto; o número 3 é chamado de o primeiro número
descomposto; mas o 2 é a primeira ramificação da unidade e a primeira
procriação.
(Alguns números são chamados
de primos absolutos ou números descompostos... são os únicos números
indivisíveis; portanto, nenhum dos números além da unidade (mônada) pode dividir
o 3 de uma maneira que o 3 resulte de sua multiplicação. De fato, 1 x 3 é 3. Do
mesmo modo, 1 x 5 é 5, 1 x 7 é 7, e 1 x 11... Além disso, apenas os números
ímpares podem ser primos e descompostos. De fato, os números pares não são
primos nem descompostos; não são medidos apenas pela unidade, mas também por
outros números. Por exemplo, a díade mede 4 porque 2 x 2 é 4; 2 e 3 medem 6
porque 3 x 2 são 6. Todos os outros números pares, com exceção de 2, também são
medidos por números maiores que a unidade. O número 2 é o único entre os números
pares que é semelhante aos ímpares, tendo só a unidade para sua medida. Por
esse motivo, diz-se que o número 2 tem a natureza dos números ímpares porque
possui a mesma propriedade dos ímpares (Theon de Smyrna, Mathematics Useful for
Understanding Plato, 1.6. traduzido para o inglês por R. e D. Lawlor, a partir
da edição francesa de 1892 de J. Dupuis [San Diego: Wizards Bookshelf, 1979],
15-6) [daqui em diante citado como Theon]).)
Daí o termo geração, e Juno,
e uma imaginável corporação (incorporação), a prova do primeiro movimento, a
primeira forma de paridade: o número da primeira igualdade, extremidade e
distância entre os extremos e, portanto, de peculiar equidade e do próprio ato
em si porque consiste em dois igualmente dispostos. E é chamado de o número da
ciência, da memória, da luz, e o número do homem, que é chamado de outro e
menor mundo (microcosmo): também é chamado de número de caridade, de amor
mútuo, do casamento e da sociedade, como dizia o Senhor, dois se tornarão uma
carne (Gênesis 2:24).
(Juno = A forma romana de
Hera, esposa de Zeus e segunda em importância no Olimpo.)
Falo dos mitos de Juno e
Júpiter nesse artigo:
("O primeiro aumento, a
primeira mudança a partir da unidade, é feito pela duplicação da unidade que se
torna duas, na qual se vê a matéria e tudo o que é perceptível, a geração do
movimento a multiplicação e adição, a composição e a relação entre uma coisa e
outra" (Ibid. 2.41 [Lawlor, 66]).)
E Salomão dizia (Eclesiastes
4:8-12): é melhor dois juntos que um, pois dois têm o benefício da companhia um
do outro; se um cair, é apoiado pelo outro. Ai daquele que estiver sozinho,
pois, se cair, ninguém o ajudará; e se dois dormirem juntos, se aquecerão. Como
pode se aquecer aquele que se deitar sozinho? E se alguém contra um triunfa,
dois resistem.
Sheeba, a rainha do sul,
anda pelo templo de Salomão:
Falo do testamento de
Salomão teórico e prático nesse artigo:
Também é chamado de número
do matrimônio e do sexo; pois há dois sexos masculino e feminino. E duas andorinhas
produzem dois ovos, do primeiro, após chocado, nasce um macho e do segundo, uma
fêmea. Também é chamado de meio, o que é capaz, bom e mau, divisor, o princípio
da divisão, da multidão, distinção, indica a matéria.
“...E duas andorinhas
produzem dois ovos.” - Talvez uma referência aos Hieroglifos de Horapolo, 1.8,
embora os pássaros mencionados aqui sejam gralhas, ou corvos, e não andorinhas.
Às vezes, esse é também o
número da discórdia e da confusão, do infortúnio e da impureza, daí Santo
Hierom dizer, contra Jovianus, que tal número não foi dito no segundo dia da
criação; e Deus disse que era bom, porque o número dois é do mal. Por isso
também Deus ordenou que todos os animais impuros entrassem na arca de dois em
dois (Gênesis 7:9), porque, como eu disse, o número dois é um número de impureza
e infeliz nas previsões, principalmente se aquelas coisas de onde se extraem as
previsões forem Saturnais ou marciais, pois são explicadas pelos astrólogos
como desafortunadas. Também se reporta que o número 2 causa a aparição de
fantasmas e temíveis duendes: e atrai as malvadezas de espíritos ímpios àqueles
que viajam à noite.
“... contra Jovianus.” - Adversum
Jovinianum libri II, escrito por Jerônimo em 393, em Belém, para denunciar a
suposta volta das ideias gnósticas de Jovinianus.
“...e Deus disse que era
bom, porque o número dois é do mal.” - Gênesis 1:6-8. Quanto ao segundo dia, o
grande comentarista judeu Rashi escreve:
E por que a expressão “que
era bom” não foi dita no segundo dia? Porque a obra de criar as águas só foi
completada no terceiro dia; pois Ele apenas a começara no segundo; e uma coisa
que não está completa não atingiu sua perfeição e seu melhor estado; no
terceiro dia, contudo, quando a obra de criar as águas se completou e Ele
iniciou e completou outra obra da criação, a expressão “que era bom” foi dita
duas vezes. Uma para a completude da obra do segundo dia e a outra para a completude
da obra do terceiro dia (The Pentateuch and Rashi‘s Commentary 1, “Genesis” [Brooklyn,
NJ: S. S. and R. Publishing, 1949], 6).
Pitágoras (segundo Eusébio) dizia
que a unidade era Deus e um intelecto bom; e que a dualidade era um diabo e um
intelecto mau, no qual existe uma aglomeração material: daí os pitagóricos dizerem
que 2 não é um número, mas sim uma confusão de unidades. E Plutarco escreve que
os pitagóricos chamavam a unidade de Apolo e o 2 de luta e audácia; e o 3,
justiça, que é a mais alta perfeição, e não sem os seus mistérios.
“...Pitágoras (segundo
Eusébio)” – Em Praeparatio evangelica, uma coletânea de citações clássicas e
crenças pagãs em 15 livros.
“...E Plutarco escreve...” -
"Também chamavam a unidade de Apolo; o número 2, contenção e audácia; e o
número 3, justiça, pois se a injúria e ser injuriado são os dois extremos
causados por deficiência e excesso, a justiça vem por meio da igualdade no
meio". Plutarco, Ísis e Osíris, 76, traduzido para o inglês por William
Baxter [Goodwin 4:133]). Os antigos atribuíam erroneamente a origem do nome
Apolo a um termo grego que significava "um". Ver Plutarco, The E at
Delphi 9 (Goodwin 4:486-7).
Por isso, existiam duas
tábuas (Êxodo 31:18) da Lei em Sina, dois querubins (Êxodo 25:18) cuidando do
propiciatório em Moisés, duas olivas (Zacarias 4:11-2) derramando
óleo em Zacarias, duas naturezas em Cristo, divina e humana; e, assim, Moisés
viu duas aparições de Deus, ou seja, seu rosto e suas costas (Êxodo 33:11, 33,
23), também dois testamentos, dois mandamentos de amor (Mateus 5:43-44), duas
primeiras dignidades (Primeiros princípios, a saber, o céu e a Terra. Ver
Gênesis 1:1.), duas primeiras pessoas, dois tipos de espíritos, bons e maus,
duas criaturas intelectuais, um anjo e uma alma, duas grandes luzes (Sol e Lua),
dois solstícios, dois equinócios, dois pólos, dois elementos produzindo uma
alma viva: Terra e Água.
Gênesis 2:6-7. A respeito
dessa passagem, diz Rashi: "Ele fez as profundezas subirem e as nuvens derramarem
água e inundar a terra, e Adão foi criado. Como o padeiro que coloca água na
massa, e depois bate a massa, também aqui com água, Ele "formou o
homem" (The Pentateuch and Rashi‘s Commentary 1,20).
Nessa mesma linha, Thomas
Vaughan escreve:
Agora falarei da Água. Ela é
o primeiro elemento do qual lemos na Escritura, o mais antigo dos princípios e
a Mãe de todas as coisas visíveis. Sem a mediação da água, a Terra não recebe
nenhuma bênção, pois a umidade é a causa devida da mistura e da fusão (Vaughan “Anthroposophia
Theomagica”. Em Waite 1888, 17).
A
escala do número 2:
No mundo exemplar
|
ה' Yah
|
אל El
|
Os nomes de Deus
expressos em duas letras.
|
No mundo
intelectual
|
Um Anjo
|
A Alma
|
Duas substâncias inteligíveis
|
No mundo celestial
|
O Sol
|
A Lua
|
Duas grandes luzes
|
No mundo elementar
|
A Terra
|
A Água
|
Dois elementos que
produzem uma alma vivente
|
No mundo menor
|
O Coração
|
O Cérebro
|
Duas principais
sedes da Alma
|
No mundo
infernal
|
Behemoth
Choro
|
Leviatã
Ranger
|
Duas coisas que
Cristo ameaça aos condenados
|
Referência:
1- "Três livros de
filosofia oculta" - Henrique Cornélio Agrippa.
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