Bruxaria Sem Dogmas: O número 2 na magia

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O número 2 na magia


O número 2 na magia



Segue o link da introdução ao estudo dos números aqui no blog sob a perspectiva de Agrippa. O link dessa introdução estará presente em cada artigo sobre números. Link:

O primeiro número é 2, porque é o primeiro aglomerado. Não pode ser medido por nenhum outro número além da unidade, a medida comum a todos os números; não é composto de números, mas de uma unidade apenas; também é chamado de um número descomposto; mas mais corretamente de não composto; o número 3 é chamado de o primeiro número descomposto; mas o 2 é a primeira ramificação da unidade e a primeira procriação.

(Alguns números são chamados de primos absolutos ou números descompostos... são os únicos números indivisíveis; portanto, nenhum dos números além da unidade (mônada) pode dividir o 3 de uma maneira que o 3 resulte de sua multiplicação. De fato, 1 x 3 é 3. Do mesmo modo, 1 x 5 é 5, 1 x 7 é 7, e 1 x 11... Além disso, apenas os números ímpares podem ser primos e descompostos. De fato, os números pares não são primos nem descompostos; não são medidos apenas pela unidade, mas também por outros números. Por exemplo, a díade mede 4 porque 2 x 2 é 4; 2 e 3 medem 6 porque 3 x 2 são 6. Todos os outros números pares, com exceção de 2, também são medidos por números maiores que a unidade. O número 2 é o único entre os números pares que é semelhante aos ímpares, tendo só a unidade para sua medida. Por esse motivo, diz-se que o número 2 tem a natureza dos números ímpares porque possui a mesma propriedade dos ímpares (Theon de Smyrna, Mathematics Useful for Understanding Plato, 1.6. traduzido para o inglês por R. e D. Lawlor, a partir da edição francesa de 1892 de J. Dupuis [San Diego: Wizards Bookshelf, 1979], 15-6) [daqui em diante citado como Theon]).)

Daí o termo geração, e Juno, e uma imaginável corporação (incorporação), a prova do primeiro movimento, a primeira forma de paridade: o número da primeira igualdade, extremidade e distância entre os extremos e, portanto, de peculiar equidade e do próprio ato em si porque consiste em dois igualmente dispostos. E é chamado de o número da ciência, da memória, da luz, e o número do homem, que é chamado de outro e menor mundo (microcosmo): também é chamado de número de caridade, de amor mútuo, do casamento e da sociedade, como dizia o Senhor, dois se tornarão uma carne (Gênesis 2:24).

(Juno = A forma romana de Hera, esposa de Zeus e segunda em importância no Olimpo.)



Falo dos mitos de Juno e Júpiter nesse artigo:

("O primeiro aumento, a primeira mudança a partir da unidade, é feito pela duplicação da unidade que se torna duas, na qual se vê a matéria e tudo o que é perceptível, a geração do movimento a multiplicação e adição, a composição e a relação entre uma coisa e outra" (Ibid. 2.41 [Lawlor, 66]).)

E Salomão dizia (Eclesiastes 4:8-12): é melhor dois juntos que um, pois dois têm o benefício da companhia um do outro; se um cair, é apoiado pelo outro. Ai daquele que estiver sozinho, pois, se cair, ninguém o ajudará; e se dois dormirem juntos, se aquecerão. Como pode se aquecer aquele que se deitar sozinho? E se alguém contra um triunfa, dois resistem.

Sheeba, a rainha do sul, anda pelo templo de Salomão:



Falo do testamento de Salomão teórico e prático nesse artigo:

Também é chamado de número do matrimônio e do sexo; pois há dois sexos masculino e feminino. E duas andorinhas produzem dois ovos, do primeiro, após chocado, nasce um macho e do segundo, uma fêmea. Também é chamado de meio, o que é capaz, bom e mau, divisor, o princípio da divisão, da multidão, distinção, indica a matéria.

“...E duas andorinhas produzem dois ovos.” - Talvez uma referência aos Hieroglifos de Horapolo, 1.8, embora os pássaros mencionados aqui sejam gralhas, ou corvos, e não andorinhas.



Às vezes, esse é também o número da discórdia e da confusão, do infortúnio e da impureza, daí Santo Hierom dizer, contra Jovianus, que tal número não foi dito no segundo dia da criação; e Deus disse que era bom, porque o número dois é do mal. Por isso também Deus ordenou que todos os animais impuros entrassem na arca de dois em dois (Gênesis 7:9), porque, como eu disse, o número dois é um número de impureza e infeliz nas previsões, principalmente se aquelas coisas de onde se extraem as previsões forem Saturnais ou marciais, pois são explicadas pelos astrólogos como desafortunadas. Também se reporta que o número 2 causa a aparição de fantasmas e temíveis duendes: e atrai as malvadezas de espíritos ímpios àqueles que viajam à noite.



“... contra Jovianus.” - Adversum Jovinianum libri II, escrito por Jerônimo em 393, em Belém, para denunciar a suposta volta das ideias gnósticas de Jovinianus.

“...e Deus disse que era bom, porque o número dois é do mal.” - Gênesis 1:6-8. Quanto ao segundo dia, o grande comentarista judeu Rashi escreve:
E por que a expressão “que era bom” não foi dita no segundo dia? Porque a obra de criar as águas só foi completada no terceiro dia; pois Ele apenas a começara no segundo; e uma coisa que não está completa não atingiu sua perfeição e seu melhor estado; no terceiro dia, contudo, quando a obra de criar as águas se completou e Ele iniciou e completou outra obra da criação, a expressão “que era bom” foi dita duas vezes. Uma para a completude da obra do segundo dia e a outra para a completude da obra do terceiro dia (The Pentateuch and Rashi‘s Commentary 1, “Genesis” [Brooklyn, NJ: S. S. and R. Publishing, 1949], 6).

Pitágoras (segundo Eusébio) dizia que a unidade era Deus e um intelecto bom; e que a dualidade era um diabo e um intelecto mau, no qual existe uma aglomeração material: daí os pitagóricos dizerem que 2 não é um número, mas sim uma confusão de unidades. E Plutarco escreve que os pitagóricos chamavam a unidade de Apolo e o 2 de luta e audácia; e o 3, justiça, que é a mais alta perfeição, e não sem os seus mistérios.

“...Pitágoras (segundo Eusébio)” – Em Praeparatio evangelica, uma coletânea de citações clássicas e crenças pagãs em 15 livros.

“...E Plutarco escreve...” - "Também chamavam a unidade de Apolo; o número 2, contenção e audácia; e o número 3, justiça, pois se a injúria e ser injuriado são os dois extremos causados por deficiência e excesso, a justiça vem por meio da igualdade no meio". Plutarco, Ísis e Osíris, 76, traduzido para o inglês por William Baxter [Goodwin 4:133]). Os antigos atribuíam erroneamente a origem do nome Apolo a um termo grego que significava "um". Ver Plutarco, The E at Delphi 9 (Goodwin 4:486-7).

Por isso, existiam duas tábuas (Êxodo 31:18) da Lei em Sina, dois querubins (Êxodo 25:18) cuidando do propiciatório em Moisés, duas olivas (Zacarias 4:11-2) derramando óleo em Zacarias, duas naturezas em Cristo, divina e humana; e, assim, Moisés viu duas aparições de Deus, ou seja, seu rosto e suas costas (Êxodo 33:11, 33, 23), também dois testamentos, dois mandamentos de amor (Mateus 5:43-44), duas primeiras dignidades (Primeiros princípios, a saber, o céu e a Terra. Ver Gênesis 1:1.), duas primeiras pessoas, dois tipos de espíritos, bons e maus, duas criaturas intelectuais, um anjo e uma alma, duas grandes luzes (Sol e Lua), dois solstícios, dois equinócios, dois pólos, dois elementos produzindo uma alma viva: Terra e Água.

Gênesis 2:6-7. A respeito dessa passagem, diz Rashi: "Ele fez as profundezas subirem e as nuvens derramarem água e inundar a terra, e Adão foi criado. Como o padeiro que coloca água na massa, e depois bate a massa, também aqui com água, Ele "formou o homem" (The Pentateuch and Rashi‘s Commentary 1,20).



Nessa mesma linha, Thomas Vaughan escreve:
Agora falarei da Água. Ela é o primeiro elemento do qual lemos na Escritura, o mais antigo dos princípios e a Mãe de todas as coisas visíveis. Sem a mediação da água, a Terra não recebe nenhuma bênção, pois a umidade é a causa devida da mistura e da fusão (Vaughan “Anthroposophia Theomagica”. Em Waite 1888, 17).


A escala do número 2:
No mundo exemplar
ה' Yah
אל El
Os nomes de Deus expressos em duas letras.
No mundo intelectual
Um Anjo
A Alma
Duas substâncias inteligíveis
No mundo celestial
O Sol
A Lua
Duas grandes luzes
No mundo elementar
A Terra
A Água
Dois elementos que produzem uma alma vivente
No mundo menor
O Coração
O Cérebro
Duas principais sedes da Alma
No mundo infernal
Behemoth


Choro
Leviatã


Ranger
Duas coisas que Cristo ameaça aos condenados

Referência:
1- "Três livros de filosofia oculta" - Henrique Cornélio Agrippa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário