O número 1 na magia
Segue o link da introdução
ao estudo dos números aqui no blog sob a perspectiva de Agrippa. O link dessa
introdução estará presente em cada artigo sobre números. Link:
Tratemos agora, de modo
particular, dos números em si e, como o número nada mais é que uma repetição de
unidade, consideremos primeiro a unidade em si. Pois a unidade simplesmente permeia
todo número e é a medida comum, a fonte e o modelo original de todos os números;
contém todos os números nele unidos integralmente; é o princípio de toda
multidão, sempre a mesma, imutável; portanto, também sendo multiplicada por si
mesma; produz nada além de si mesma (1x1=1); é indivisível (metafisicamente,
pois 1:2=0,5, por exemplo), destituída de todas as partes; mas, embora pareça
sempre dividida, não é cortada, mas na verdade multiplicada em unidades; no
entanto, nenhuma dessas unidades é maior ou menor que a unidade como um todo,
pois uma parte é menos que um todo; não é, portanto, multiplicada em partes,
mas em si mesma.
(Qualquer coisa, se
dividida, produz várias coisas únicas, cada uma sendo também única. E a unicidade
de uma coisa não pode ser maior ou menor que a unicidade de outra coisa.)
É por isso que alguns a
chamam de concórdia, alguns de piedade e outros de amizade, pois é tão coesa
que não pode ser cortada em partes. Mas Martianus, de acordo com a opinião de
Aristóteles, dizia que era chamada de Cupido, porque sempre fica só e para
sempre se lamentará, e além de si mesma nada tem; mas, sendo desprovida de todo
orgulho, ou par, dirige seu próprio calor para si mesma.
Cupido: O Eros romano que,
segundo Hesíodo, era o terceiro nascido:
No princípio era o caos, mas
logo em seguida veio
A Terra com seu vasto peito,
assegurando a morada
Para todos os deuses que
vivem no nevado Monte Olimpo,
E o enevoado Tártaro, em um
recesso
Da vasta e ampla terra, e o
Amor (Cupido), mais belo
De todos os deuses imortais.
Ele deixa os homens fracos,
Fortalece a astuta mente e
doma
O espírito no peito de
homens e deuses.
(Hesíodo, Teogonia [Wender,
27])
Temos de fazer duas
distinções. Há um Eros primordial filho do Caos e um Eros secundário filho de
Vênus (Afrodite). Esse Eros filho de Afrodite não fica só como dito acima. Esse
Eros se casa com Psiquê (A Alma).
A unidade é, portanto, o
começo e o fim de todas as coisas; ela em si não possui começou nem fim. Nada
existe antes do um, e nem depois; e além dele nada existe, e todas as coisas
existentes desejam essa unidade, porque todas as coisas dela procedem, e, como
todas as coisas podem ser a mesma, é necessário que da primeira coisa façam
parte; e como as coisas vieram de uma e se tornaram muitas, também todas as
coisas se empenham em retornar àquela primeira de onde vieram. É necessário que
retrocedam da multidão de coisas.
(Essa é a lógica da centelha
divina que todos nós temos. Esse voltar à fonte ou à unidade deveria ser a
lógica das religiões que derivam da palavra religare, ou seja, voltar para Deus.)
Segundo, Lao Tsé no livro
Tao Te Ching, o 1 da significado às coisas e as coisas são os zeros. Zeros não
tem valor algum a não ser que estejam aliados ao 1 ou outro número. Observe que
aonde colocamos as coisas (zeros), as coisas aumentam ou não seu valor. 000001
continua tendo valor 1, pois zeros à esquerda não aumentam o valor das coisas.
Mas se colocarmos os zeros (coisas) no seus devidos lugares nossos valores e
talentos são aumentados. 1, 10, 100, 1000... Dentro da meta do religare temos o
sentido da vida aumentado. Ficamos ricos, felizes, 1000, 100000 ad infinitum.
Cristo dizia: “...eu vim para que tenham vida e vida em abundância.” (João
10:10).
No próximo parágrafo há
alguns erros fruto do saber de 1500, mas darei as devidas explicações. De toda
forma, o saber presta do ponto de vista mágicko que é o propósito desse blog.
Assim nos referimos ao Deus altíssimo
que, vendo ser ele um e inumerável, cria, no entanto, coisas inumeráveis a
partir de Si mesmo, e em Si mesmo as contém. Existe, portanto, um Deus, um
mundo desse um Deus, um Sol desse mundo, também uma fênix no mundo, um rei
entre as abelhas, um líder entre os rebanhos de gado, um governante entre os
rebanhos de animais, enquanto os grous seguem um, e muitos outros animais
prezam a unidade; entre os membros do corpo, há um principal que guia todos os
outros, seja ela a cabeça ou (como alguns acreditam) o coração. Há um elemento
dominante e que penetra todas as coisas, ou seja, o Fogo.
(Os antigos tinham a noção
errônea de que a única abelha gigante em cada colmeia era o rei, quando na
verdade é uma fêmea e rainha. Ver a descrição de Virgílio da guerra entre dois
"reis" rivais em Geórgicas 4, c. linha 67.)
Os grous: ("De comum
acordo, esses pássaros concordam em que momento deverão partir, voam alto para
ver longe, escolhem um líder e estabelecem sentinelas na retaguarda, que se
substituem em turnos, emitem gritos altos e com sua voz mantêm toda a frota em
voo organizado" (Plínio 10.30 [Bostock e Riley, 501]).)
Há uma coisa criada de Deus,
objeto de toda a admiração, na Terra ou no céu; é na verdade animal, vegetal e mineral,
encontra-se em todo lugar, é conhecida por poucos, e por ninguém chamada pelo
nome adequado, mas coberta de figuras e enigmas, sem a qual nem a Alquimia nem
a Magia natural podem alcançar seu fim ou sua perfeição.
O misterioso Azoth dos
filósofos - uma palavra cunhada pelos alquimistas herméticos a partir da primeira
e última letras dos alfabetos latino, grego e hebraico, para significar a
essência oculta que permeia o Universo. Paracelso é representado com a palavra
- menos a primeira letra -inscrita no pomo de sua espada em uma xilogravura de
1567.
Paracelso mostrando as
últimas letras de Azoth no pomo de sua espada:
Extraído de Astronomica et
Astrologica opuscula, de Teofrasto Paracelso (Colônia, 1567).
De um homem, Adão, todos os homens
procedem; dele, todos se tornam mortais; e pelo único Jesus Cristo todos são
regenerados; e, como disse Paulo (I Corintios 12:4-13), há um Senhor, uma fé,
um batismo, um Deus, um Pai de todos, um mediador entre Deus e o homem, um Criador
altíssimo, que está acima de todos nós, é por todos nós e existe em todos nós. Pois
há um só Pai, Deus, de onde todos provêm, e todos estamos nele; nosso Senhor
Jesus Cristo, que é por todos e por quem nós somos: um Espírito Santo de Deus,
quem vem a todos e ao qual todos nós vamos.
Agrippa está mostrando o
divino nos números e usa a lógica cristã pois não poderia fazê-lo de outra
forma na Europa de 1500. Se você é pagão tente abstrair e encontrar
correspondências no paganismo.
A
escala da unidade:
No
mundo exemplar: י Yod. Uma essência divina, a fonte de todas as virtudes e
poder, cujo nome é expresso com a letra Yod hebraica.
No
mundo intelectual: A Alma do Mundo. Um intelecto supremo, a primeira criatura,
a fonte das ideias.
No
mundo celestial: O Sol. Um rei de estrelas, a fonte de vidas.
No
mundo elemental: A Pedra Filosofal. Um sujeito e instrumento de todas as
virtudes, naturais e sobrenaturais.
No
mundo menor: O Coração. Um primeiro viver e último morrer.
No
mundo infernal: Lúcifer. Um príncipe de rebelião, de anjos e das trevas.
Referências:
1-
"Três livros de filosofia oculta" - Henrique Cornélio Agrippa.
2-
Teogonia – Hesíodo.
3-
Tao Te Ching - Lao Tsé
Os inimigos podem falar qualquer sobre você, mas não podem dizer que você tem conhecimento.Tu és foda ! Beijo e saudades de você!
ResponderExcluirObrigado Vinicius. Abração.
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