Bruxaria Sem Dogmas: O número 1 na magia

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O número 1 na magia


O número 1 na magia



Segue o link da introdução ao estudo dos números aqui no blog sob a perspectiva de Agrippa. O link dessa introdução estará presente em cada artigo sobre números. Link:

Tratemos agora, de modo particular, dos números em si e, como o número nada mais é que uma repetição de unidade, consideremos primeiro a unidade em si. Pois a unidade simplesmente permeia todo número e é a medida comum, a fonte e o modelo original de todos os números; contém todos os números nele unidos integralmente; é o princípio de toda multidão, sempre a mesma, imutável; portanto, também sendo multiplicada por si mesma; produz nada além de si mesma (1x1=1); é indivisível (metafisicamente, pois 1:2=0,5, por exemplo), destituída de todas as partes; mas, embora pareça sempre dividida, não é cortada, mas na verdade multiplicada em unidades; no entanto, nenhuma dessas unidades é maior ou menor que a unidade como um todo, pois uma parte é menos que um todo; não é, portanto, multiplicada em partes, mas em si mesma.


(Qualquer coisa, se dividida, produz várias coisas únicas, cada uma sendo também única. E a unicidade de uma coisa não pode ser maior ou menor que a unicidade de outra coisa.)

É por isso que alguns a chamam de concórdia, alguns de piedade e outros de amizade, pois é tão coesa que não pode ser cortada em partes. Mas Martianus, de acordo com a opinião de Aristóteles, dizia que era chamada de Cupido, porque sempre fica só e para sempre se lamentará, e além de si mesma nada tem; mas, sendo desprovida de todo orgulho, ou par, dirige seu próprio calor para si mesma.

Cupido: O Eros romano que, segundo Hesíodo, era o terceiro nascido:
No princípio era o caos, mas logo em seguida veio
A Terra com seu vasto peito, assegurando a morada
Para todos os deuses que vivem no nevado Monte Olimpo,
E o enevoado Tártaro, em um recesso
Da vasta e ampla terra, e o Amor (Cupido), mais belo
De todos os deuses imortais. Ele deixa os homens fracos,
Fortalece a astuta mente e doma
O espírito no peito de homens e deuses.
(Hesíodo, Teogonia [Wender, 27])

Temos de fazer duas distinções. Há um Eros primordial filho do Caos e um Eros secundário filho de Vênus (Afrodite). Esse Eros filho de Afrodite não fica só como dito acima. Esse Eros se casa com Psiquê (A Alma).



A unidade é, portanto, o começo e o fim de todas as coisas; ela em si não possui começou nem fim. Nada existe antes do um, e nem depois; e além dele nada existe, e todas as coisas existentes desejam essa unidade, porque todas as coisas dela procedem, e, como todas as coisas podem ser a mesma, é necessário que da primeira coisa façam parte; e como as coisas vieram de uma e se tornaram muitas, também todas as coisas se empenham em retornar àquela primeira de onde vieram. É necessário que retrocedam da multidão de coisas.

(Essa é a lógica da centelha divina que todos nós temos. Esse voltar à fonte ou à unidade deveria ser a lógica das religiões que derivam da palavra religare, ou seja, voltar para Deus.)

Segundo, Lao Tsé no livro Tao Te Ching, o 1 da significado às coisas e as coisas são os zeros. Zeros não tem valor algum a não ser que estejam aliados ao 1 ou outro número. Observe que aonde colocamos as coisas (zeros), as coisas aumentam ou não seu valor. 000001 continua tendo valor 1, pois zeros à esquerda não aumentam o valor das coisas. Mas se colocarmos os zeros (coisas) no seus devidos lugares nossos valores e talentos são aumentados. 1, 10, 100, 1000... Dentro da meta do religare temos o sentido da vida aumentado. Ficamos ricos, felizes, 1000, 100000 ad infinitum. Cristo dizia: “...eu vim para que tenham vida e vida em abundância.” (João 10:10).



No próximo parágrafo há alguns erros fruto do saber de 1500, mas darei as devidas explicações. De toda forma, o saber presta do ponto de vista mágicko que é o propósito desse blog.

Assim nos referimos ao Deus altíssimo que, vendo ser ele um e inumerável, cria, no entanto, coisas inumeráveis a partir de Si mesmo, e em Si mesmo as contém. Existe, portanto, um Deus, um mundo desse um Deus, um Sol desse mundo, também uma fênix no mundo, um rei entre as abelhas, um líder entre os rebanhos de gado, um governante entre os rebanhos de animais, enquanto os grous seguem um, e muitos outros animais prezam a unidade; entre os membros do corpo, há um principal que guia todos os outros, seja ela a cabeça ou (como alguns acreditam) o coração. Há um elemento dominante e que penetra todas as coisas, ou seja, o Fogo.



(Os antigos tinham a noção errônea de que a única abelha gigante em cada colmeia era o rei, quando na verdade é uma fêmea e rainha. Ver a descrição de Virgílio da guerra entre dois "reis" rivais em Geórgicas 4, c. linha 67.)

Os grous: ("De comum acordo, esses pássaros concordam em que momento deverão partir, voam alto para ver longe, escolhem um líder e estabelecem sentinelas na retaguarda, que se substituem em turnos, emitem gritos altos e com sua voz mantêm toda a frota em voo organizado" (Plínio 10.30 [Bostock e Riley, 501]).)

Há uma coisa criada de Deus, objeto de toda a admiração, na Terra ou no céu; é na verdade animal, vegetal e mineral, encontra-se em todo lugar, é conhecida por poucos, e por ninguém chamada pelo nome adequado, mas coberta de figuras e enigmas, sem a qual nem a Alquimia nem a Magia natural podem alcançar seu fim ou sua perfeição.

O misterioso Azoth dos filósofos - uma palavra cunhada pelos alquimistas herméticos a partir da primeira e última letras dos alfabetos latino, grego e hebraico, para significar a essência oculta que permeia o Universo. Paracelso é representado com a palavra - menos a primeira letra -inscrita no pomo de sua espada em uma xilogravura de 1567.

Paracelso mostrando as últimas letras de Azoth no pomo de sua espada:



Extraído de Astronomica et Astrologica opuscula, de Teofrasto Paracelso (Colônia, 1567).

De um homem, Adão, todos os homens procedem; dele, todos se tornam mortais; e pelo único Jesus Cristo todos são regenerados; e, como disse Paulo (I Corintios 12:4-13), há um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus, um Pai de todos, um mediador entre Deus e o homem, um Criador altíssimo, que está acima de todos nós, é por todos nós e existe em todos nós. Pois há um só Pai, Deus, de onde todos provêm, e todos estamos nele; nosso Senhor Jesus Cristo, que é por todos e por quem nós somos: um Espírito Santo de Deus, quem vem a todos e ao qual todos nós vamos.

Agrippa está mostrando o divino nos números e usa a lógica cristã pois não poderia fazê-lo de outra forma na Europa de 1500. Se você é pagão tente abstrair e encontrar correspondências no paganismo.

A escala da unidade:

No mundo exemplar: י Yod. Uma essência divina, a fonte de todas as virtudes e poder, cujo nome é expresso com a letra Yod hebraica.

No mundo intelectual: A Alma do Mundo. Um intelecto supremo, a primeira criatura, a fonte das ideias.

No mundo celestial: O Sol. Um rei de estrelas, a fonte de vidas.

No mundo elemental: A Pedra Filosofal. Um sujeito e instrumento de todas as virtudes, naturais e sobrenaturais.

No mundo menor: O Coração. Um primeiro viver e último morrer.

No mundo infernal: Lúcifer. Um príncipe de rebelião, de anjos e das trevas.

Referências:
1- "Três livros de filosofia oculta" - Henrique Cornélio Agrippa.
2- Teogonia – Hesíodo.
3- Tao Te Ching - Lao Tsé

2 comentários:

  1. Os inimigos podem falar qualquer sobre você, mas não podem dizer que você tem conhecimento.Tu és foda ! Beijo e saudades de você!

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