Os
diferentes títulos do Orixá Ogum e o porquê existem diferentes “Qualidades” de
um mesmo Orixá!
Ògún (Ogum) vivia com sua mãe, Yemoja (Yemanjá), em um castelo no fundo do mar. Cansado disso, Ogum resolveu ir morar em outro local que condizia com seu temperamento. Pediu licença a sua mãe e partiu. Na terra, caminhando entre florestas, sentiu fome. Abrigou-se abaixo de uma árvore e viu animais correndo. Fez uma lança de madeira e caçou seu primeiro animal. Preparou o animal, cozinhou, comeu e se saciou. Por esse ato de caça, recebeu o título de Ògún Olóde, ensinando essa função ao seu irmão Òsóòsì (Oxóssi).
Seguindo
o caminho, Ogum tropeçou em uma pedra, que era o minério de ferro. Pegou o
minério e viu que seria forte o suficiente para suas armas de luta. Preparou
uma forja e forjou uma espada com esse novo minério, o ferro. Também produziu
ferramentas de ferro para lavoura. Ogum deu o nome de Irin, ao minério de ferro
e com isso ficou conhecido como Bàbá Irin.
Eclodiu
uma guerra e os Òrìsà (Orixás) necessitavam de ajuda. Òrúnmìlà pede que Sàngó
(Xangô) chame seu irmão mais velho para derrotar os inimigos, pois ele tem os
segredos da guerra e das armas. Em combate, Ogum se destacava bravamente,
destruindo seus inimigos e saciando sua sede de sangue. Ogum vence e ao
retornar, o povo passa a chama-lo de Ògún Aiaká Gbamu Èjè, que significa: Ogum
recebe e toma sangue.
Com
a vitória de Ogum, ele é chamado para outra tarefa, a tomada da cidade de Ìré.
Ogum teve que destruir primeiro as sete cidades que cercavam e defendiam o povo
de Ìré, que fez ele receber o título de Ògún Méjèèjè e ao entrar vitorioso na
cidade, foi aclamado como Ògún Oníré.
Deixando
seu filho, Ògúndahunsi, governando as terras conquistadas. Ogum retorna à sua
cidade e passa a trabalhar muito na forja de metais. Ogum se vestia com um
avental de couro quando estava trabalhando na forja e o povo passou a chama-lo
de Ògún Alágbède, o ferramenteiro, o senhor da forja. E ele respondia cantando:
Ògún
Àgbède Kóyá Kóyá Você saia rapidamente
Ògún
Àgbède Kóyá Kóyá Você saia rapidamente
Njó
njó ara là’ye Para não ser queimado
Ògún
Àgbède Kóyá Kóyá Que eu não me queimo
Essa
demonstração de arte e manuseio do fogo com o objetivo de fazer a liga dos
metais necessários fazia ele dizer diversas vezes Orò mi’ná(n), que quer dizer:
Meu ritual é o fogo.
Os
pedidos passaram a ser tantos, devido suas vitórias com sua espada invencível,
que Ogum chamou seu irmão Èsù (Exú) para ajudá-lo nas tarefas. Mas Exú começou
a causar problemas e Ogum o acorrentou em suas próprias pernas. Com isso, Exú
só ia aonde Ogum fosse. Certa feita, Ogum precisava estar em dois lugares diferentes
ao mesmo tempo. Então, Ogum pediu que Exú fosse a um desses lugares e que se
fizesse passar por ele. Combinou que , quando batesse palmas, Exú deveria
voltar rapidamente. Cada um foi pra um lugar diferente e o povo pensando que
era Ogum em dois lugares ao mesmo tempo, o chamou de Ògún Aláméji.
Em
outra ocasião, Ogum estava indo para outro trabalho, os cães que existiam na
região começaram a avançar e latir contra ele. Furioso, Ogum bateu palmas, mas
Exú não apareceu. Ogum fugiu para as montanhas com os cães o perseguindo. Ogum,
furioso, começou a dilacerar os cães com os dentes. O povo vendo aquilo,
exclamou: “Ògúnjá!”, um jeito reduzido de dizer: “Ógún je aja”, que significa: “Ogum
come o cachorro.”
Cansado
de luta, Ogum resolve partir. Nas terras de Èfon, deitou-se às margens de um
rio e adormeceu. Mais tarde, foi acordado pelo canto de uma bela mulher nas
águas se banhando. Ogum encantado, perguntou o nome da bela mulher. Ela
respondeu: “Meu nome é Òsun (Oxum).” Ogum passou a viver e a trabalhar ao seu
lado, nas águas doces dos rios. O seu metal passou a ser amarelo (ouro), e tudo
que ele faz passa a ser dessa cor. Oxum tinha um filho com Oxóssi, o Orixá
Lógun Ède (Logum Edê) e que Ogum passou a criar. Com essa convivência com Oxum,
passa a ser chamado de Ògún Wari.
Conclusão:
A
multiplicidade do panteão de divindades dos Orixás pode ser explicada através
desse relato. A fusão de culturas e os feitos heroicos dão cognomes e títulos
(Qualidades) anexados às divindades, motivando individualizações. Foram
criados, assim, mais Orixás (Qualidades), atrelados ao Orixá principal.
Notas:
1- Orí
Òkè
O
alto da montanha, onde Ogum costumava permanecer em seus momentos de solidão.
De lá, partia para suas conquistas: “Ojóti Ògún nti orí òkè bò, aso iná(n) l’o um
bo ara èwù èjè l’o wò” (“No dia em que Ogum estava descendo a montanha, ele
vinha vestido de fogo e usava um traje de sangue.”)
2-
Aláda Méjì
O
dono das duas espadas. É um outro título de Ogum e que revela o seu
conhecimento na criação de todos os tiposa de ferramentas, como se observa em
seus assentamentos. “Ògún aláda méji o nfi òkan sá’ko, o nfi òkan yè ònà.”
(Ogum, o dono de duas espadas, com uma ele prepara a fazenda, com a outra
desimpede a estrada).
3-
Irin
Denominação
do ferro. Metal utilizado nas ferramentas que Ogum criou para a execução das
obras do mundo recém-criado por Obàtálá. Por esse motivo, teve o direito de vir
à frente das demais divindades, sendo assim denominado de Òrisà Asiwajú.
4-
Ìkolà
Como
artista, é Ogum quem dá o toque final ao trabalho criativo de Òsàlá (Oxalá).
Após a moldagem do homem físico, é Ogum quem assume o trabalho da circuncisão.
5-
Ìbúra
Juramento,
promessa. É ainda o metal de Ogum utilizado nas cortes de justiça, para as
pessoas que não são cristãs nem maometanas. Assim, fazem o juramento de “dizer
a verdade e nada mais que a verdade”, beijando uma peça de ferro, geralmente um
facão. Esse acordo feito perante Ogum é considerado extremamente sério.
6-
Méjèèjè
Literalmente
significa todos os setes. O radical éje representa o numeral 7, daí outras
denominações: èkéje, sétimo; níméje, sete vezes; méjeméje, sete de cada vez;
ìjéje, sete dias atrás. Essa Qualidade de Ogum é conhecida popularmente como
Ògún Méje (Ogum Mejê).
7- Òsun
(Oxum)
Devido
à sua grande beleza, todos a desejavam. Xangô brigou por ela, que o deixou
porque ele bebeu uma bebida que era tabu para ela. Viveu com Sànpònná (Xapanã –
Obaluayê), mas Òsányìn (Ossanhe) a tomou dele, graças aos seus poderes. Pediu para
que ele fechasse os olhos e, quando os abrisse, não mais se lembraria de Oxum.
Viveu com Òrúnmìlà, tendo se tornado sua Apètèbí, até que, ao voltar de uma
viagem, ele encontrou Oxum jogando para Oya, Xangô e Exú.
Autor:
Eosphorus Pluto Eleutherios
Blog:
Bruxaria Sem Dogmas
Referência:
Mitos Yorubás (o outro lado do conhecimento). Autor: José Beniste.
José
Beniste é escritor, historiador, pesquisador de Cultura Afro-Brasileira, é
integrante de movimentos que visam à restauração da dignidade religiosa do
afrodescendente. Iniciado pela Sociedade Axé Opô Afonjá, em 1984, é diretor do
Curso Brasil-Nigéria, fundado em 1982. Ministra aulas de Língua Yorubá.
Ogum
é o terceiro Orixá que habita minha cabeça (Ori) e é sincretizado com São
Jorge!
Ogunhê!!!
Jorge
sentou praça
Na
cavalaria
E eu
estou feliz porque eu também
Sou
da sua companhia
Eu
estou vestido com as roupas
E as
armas de Jorge
Para
que meus inimigos tenham pés
E
não me alcancem
Para
que meus inimigos tenham mãos
E
não me toquem
Para
que meus inimigos tenham olhos
E
não me vejam
E
nem mesmo um pensamento eles possam ter
Para
me fazerem mal
Armas
de fogo
Meu
corpo não alcançarão
Facas
e espadas se quebrem
Sem
o meu corpo tocar
Cordas
e correntes arrebentem
Sem
o meu corpo amarrar
Pois
eu estou vestido com as roupas
E as
armas de Jorge
Jorge
é de Capadócia
Salve
Jorge
Salve
Jorge
Jorge
é de Capadócia
Salve
Jorge
Salve
Jorge
(Jorge
da Capadócia - Racionais MC's)
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