O
Orixá Ògún (Ogum) e o seu poder sobre os metais!
Os
Òrìsà (Orixás) e a humanidade viviam na Terra criada por Òsàlá (Oxalá)
realizando suas tarefas: caça, limpar a terra para a agricultura, plantação,
construir casas... Tudo feito com muita dificuldade por falta das ferramentas
adequadas. Piorou com o aumento das distâncias e cidades. Enfrentavam terrenos
desnivelados, matas densas, grandes rochas impedindo as estradas e coisas
assim.
Percebendo o que já havia sido feito e o que deveria ser feito ainda, os Orixás tentavam encontrar a melhor solução para os problemas. Vários se prontificaram a solucionar os problemas. Todos, exceto Olókun: “O meu domínio é a água. A terra e as árvores não são meus afazeres.”
Òsányìn
(Ossain), o Orixá das folhas, disse: “Eu limparei primeiro os campos.” Pegou
sua faca do mato e partiu pra mata. Mas sua faca era feita de madeira e pedra, após
algum tempo de uso, sua faca quebrou. Ossain retornou e disse: “Eu comecei o
trabalho, mas a madeira das árvores era tão dura que partiu minha faca.”
Orixá
Oko (Orixá da agricultura), falou: “A minha faca é mais forte. Cortarei as
árvores e destruirei as rochas.” Partiu para o trabalho, mas sua ferramenta não
aguentou a tarefa árdua. Disse, então: “Aconteceu o mesmo comigo. Minha faca
está cega e torcida.”
Èsù
(Exú), com seu corpo forte, armou-se com suas ferramentas e partiu para a
floresta. Permaneceu lá por longo tempo e voltou amargurado: “Eu limpei a terra
e desloquei as rochas, mas o metal das minhas ferramentas não foi forte o
suficiente.” Um por um, cada Orixá tentava e fracassava.
O
único Orixá que não foi e permaneceu calado foi Ogum. Somente depois da
tentativa de todos, Ogum disse: “Nísisìyí àsìkò mi ni.” [“Agora é a minha vez.”].
E partiu para o campo. Cortou as árvores, destruiu as rochas e outras as
deslocou. Arou a terra para ser semeada. Abriu novos caminhos e retirou as
plantas desnecessárias. Ogum trabalhou até o final da tarde. Quando terminou,
retornou aos Orixás que o aguardavam. E exibiu suas armas e ferramentas.
Estavam todas afiadas e intactas.
Os
Orixás perguntaram: “Que metal maravilhoso é este?” Ogum respondeu: “O segredo
desse metal me foi dado por Olódùmarè. É chamado de irin, ferro.” Os Orixás
queriam que Ogum ensinasse o segredo desse metal. Ogum disse: “Olódùmarè não me
autorizou.” Mas fez ferramentas para todos os Orixás com esse metal, mesmo sem
ensinar o segredo. Para isso, Ogum construiu uma forja em sua casa. Ogum além
de grande guerreiro, era também um grande caçador. A caça até então era feita
com armadilhas e armas leves, além de necessitar de se contar com a sorte.
Os
Orixás, mesmo presenteados com as armas e instrumentos de ferro forjados por
Ogum, não se conformavam em também não saberem o segredo desse metal. Então,
para persuadir Ogum, lhe deram o título de Osìnmalè, o Chefe entre as
Divindades. Depois disso, Ogum concordou em ensinar o segredo da forja do ferro
e a fabricação de armas e ferramentas com esse metal.
Vieram
pessoas de diferentes regiões para aprender o segredo da forja do ferro. Ogum,
mesmo com o título de Chefe entre as Divindades, ele continuava apaixonado pela
caça e muitos dependiam de sua capacidade na caça para sobreviver. Ogum, para
caçar, se embrenhava nas matas vestido de roupas de couro presas por màrìwò
(folhas do dendezeiro).
Caçar
exigia muito o que fazia Ogum ficar isolado por vários dias na mata, dormindo
sobre a terra ou em árvores. Ogum caçava vários animais, em constantes lutas.
Quando saía da floresta, estava sujo, seu cabelo embaraçado e as peles que
vestia rasgadas e manchadas de sangue. E voltou para a cidade para reencontrar
seus companheiros.
Os
Orixás ao verem Ogum voltando daquele jeito, disseram: “Quem é este estranho
todo sujo que vem da floresta? Certamente não é Ogum, o qual demos o título de
nosso chefe.” Descontentes com Ogum, disseram: “Um chefe deveria se manter com
dignidade, suas roupas devem ser limpas, e o seu cabelo bem aparado. Você está
indistinguível do mais humilde caçador de Ifè, e o ar à sua volta está
empesteado de carne morta.” Concluíram: “O cargo que lhe demos, nós o tiramos
agora. Você não é mais nosso chefe.”
Ogum
replicou: “Quando vocês precisaram do segredo do ferro, souberam me implorar
para ser vosso chefe. Agora que já são possuidores do poder, dizem que eu
cheiro mal.” Depois de falar isso, Ogum tirou suas roupas e se banhou no rio
mais próximo. Já limpo, vestiu suas roupas de màrìwò, pegou suas armas e partiu
para a cidade de Ifé. Construiu uma casa embaixo de uma árvore de akòko, lá
permanecendo solitário, mas fiel aos seus compromissos de se manter vigilante
nas terras de Ilé Ifè.
Conclusão:
As
folhagens do dendezeiro desfiadas e colocadas em cima das portas e janelas das
Casas de Candomblé são denominadas màrìwò e representam o pacto de proteção de
Ogum com os seres humanos.
Um
outro mito (itan), porém, revela as razões do uso do màrìwò:
Ogum
foi caçar e retornou com muita caça. Convidou seus amigos para beber e comer
juntos. Foi o que fizeram por longo tempo, com exceção de um dos convidados,
que se manteve sóbrio. Assim que todos adormeceram entorpecidos de álcool, o
convidado que permaneceu sóbrio, levou todas as roupas de Ogum para longe.
Quando Ogum acordou, notou que tudo que era seu havia sido roubado. Ossain
(Orixás das folhas), que passava pelo local, entrou na casa de Ogum e viu o
ocorrido. Ogum lhe disse: “Eu fui caçar, quis repartir a caça com todos,
bebemos e festejamos, e o resultado foi este.” Ossain recriminou-o: “Beber mais
do que o suficiente só poderia dar nisso. Você perdeu a compostura. Mas vou lhe
dar roupas de folhagem de palma.” E assim fez. Ogum, vestiu-as, voltou pra
casa, pegou as armas e foi caçar. Trouxe animais, tirou o coro, e depois de prepará-lo,
vestiu-se junto com as folhagens que Ossain o presenteou. Quando o povo o viu
daquela forma, lembrou-se das injustiças cometidas com ele. As roupas de màrìwò
passaram a ser um registro do ocorrido naquela festa. Nos cânticos de
Candomblé, isto é afirmado:
E
màrìwò l’áso – O màrìwò é a roupa
E
màrìwò – de Ogum
E
Ògún o.
Notas:
Irin:
é o ferro. Bàbá Irin é o título que Ogum recebe pelo seu poder sobre os metais.
Osìnmalè:
É uma contração da expressão Osìn – chefe, e irúnm alè – divindade.
Màrìwò:
“Ògún oní màrìwò aroye.” [Ogum é o dono
das folhas do alto da palmeira.”] As folhas do dendezeiro são denominadas imò
òpe; somente depois de serem desfiadas mediante um ritual específico é que
recebem o nome de màrìwò.
Tínrín
tínrín tínrín – Bem fininho
Màrìwò
– márìwò
Jókó
sán yà le – Sentado, cortamos e separamos
Màrìwò.
– o màrìwò.
Ìré:
Cidade conquistada por Ogum e exaltada em seus cânticos. Daí ele ser intitulado
Oníré, o Senhor de Ìré.
Akòko
(Newboldia laevis)
Planta
africana aclimatada no Brasil que pertence a Ogum.
Autor:
Eosphorus Pluto Eleutherios
Blog:
Bruxaria Sem Dogmas
Referência:
Mitos Yorubás (o outro lado do conhecimento).
Autor:
José Beniste.
José
Beniste é escritor, historiador, pesquisador de Cultura Afro-Brasileira, é
integrante de movimentos que visam à restauração da dignidade religiosa do
afrodescendente. Iniciado pela Sociedade Axé Opô Afonjá, em 1984, é diretor do
Curso Brasil-Nigéria, fundado em 1982. Ministra aulas de Língua Yorubá.
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Bom dia amigo, tudo bem contigo? Eu já peço desculpas caso essa pergunta soe de alguma maneira burra ou desrespeitosa, sobre o segundo pantáculo de júpiter, se eu apenas imprimir o símbolo e utilizar ele na minha carteira e até mesmo de papel de parede do meu celular, adianta de algo ou ele precisa necessariamente ser/estar ativo? Carregar isso pra cima e pra baixo pode acarretar em algo negativo? Minha situação financeira anda meio decadente, e estava apelando para esse lado. O que você sabe sobre essas mágias de riqueza? Acho que tudo isso é bobagem e que não funcionam? Já viu algum trabalho que houve algum resultado satisfatório?
ResponderExcluirÉ bom ativar e eu ensino no artigo como. Não trará nada de negativo. Trabalho há 11 anos com Magia!! Conheço milhares casos que deram certo feitos por mim.
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