Bruxaria Sem Dogmas: Os mistérios de conhecimentos proibidos revelados por Lilith, a Rainha das Prostitutas, a Lamec, filho de Matusalém, filho de Mehujael, filho de Irad, filho de Enoque, filho de Caim o Maldito.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Os mistérios de conhecimentos proibidos revelados por Lilith, a Rainha das Prostitutas, a Lamec, filho de Matusalém, filho de Mehujael, filho de Irad, filho de Enoque, filho de Caim o Maldito.

 

Os mistérios de conhecimentos proibidos revelados por Lilith, a Rainha das Prostitutas, a Lamec, filho de Matusalém, filho de Mehujael, filho de Irad, filho de Enoque, filho de Caim o Maldito:




Ocorreu na obscuridade da lua quando Lamec com a mente aflita estava sobre sua cama para dormir, quando Lilith o presenteou em um sonho. Ele a conheceu pela beleza de seus cabelos ruivos, resplandecendo em longos cachos como de cobre batido cacheados como as joias do Egito. O pó de rosas ruborizava suas bochechas. Seus lábios entreabertos estavam cheios com o suco escarlate da granada. Seus olhos eram duas envolventes ondas esmeraldas do mar que capturam o sangue do Sol poente sobre suas cristas. Brancos eram seus dentes com a brancura da neve nas distantes montanhas, branco seu peito como a palidez da bruma da manhã que permanece no vale.



Lamec olhou para ela cuidadosamente, e seu coração o golpeou com desejo. Ele esqueceu os rostos de suas esposas. Estes se tornaram como crânios esbranquiçados sobre as que a mão da Morte havia desenrolado um pergaminho no qual escreveu piadas.



“Não temas, filho de minhas entranhas, porque vim reconfortar a obscuridade de tua alma.” Assim falou ela com a voz do vento sobre o mar. “Não te conheço”, ele disse. “Tu não eras a esposa de Matusalém meu pai?”



Ela pousou os dedos de sua mão, branca como o lírio, em meus lábios e sorriu.



“Escuta e seja sábio. Toda a semente de Caim e sua semente e a semente de sua semente me foram dadas até a sétima geração. Infiel, tu és filho de minhas entranhas como o foi teu pai e seu pai antes que ele. Não me negues! Em breve o sangue de tua mão provará teu nascimento. Ouça-me e te ensinarei uma sabedoria que não foi pronunciada desde os princípios.”



Dizendo isto, ela me atraiu contra seus peitos e me estremeci com suas ardentes carícias até que desmaiei de prazer e deitei em minha própria desonra. A obscuridade embriagou minha alma. Desde uma grande altura lá ouvi dizer-me, “Escuta a sabedoria dos Eons e seja preenchido de entendimento, Oh filho de sangue. Quando despertar pela manhã pegue pena e tinta e escreve estas palavras em folhas de papiro. Selarás com argila e esconderás embaixo da terra aonde eu te mostrarei os conhecimentos das idades futuras.”



Ela falou de muitas maravilhas ao longo da noite até que o cantar do galo anunciou a aurora. Então, despareceu deixando um aroma de sândalo. Lamec se levantou de sua cama e conseguiu pena, tinta e folhas de papiro e escreveu com a língua dos anjos as palavras que ela lhe havia ordenado.



Ouve e seja sábio. O deus dos filhos de Adão não é o monarca mais alto das zonas celestiais. Sobre ele mora um tão grande que sua grandeza não pode ser medida. Incluindo o nome de Deus o mancha, porque ele não é um deus senão uma singularidade de ser sem descontinuidade. Ele brilha com uma pura luz que nenhum olho pode ver e fala com voz de trovões que nenhum ouvido pode ouvir. Não há nada que exista antes dele e que limite sua duração. Ele é inefável e perfeito, sendo único e completo em si mesmo.



Nem masculino nem feminino, nem grande nem pequeno, nem sutil nem matéria, a mente do homem nunca poderá questionar suas qualidades porque ele é o incognoscível. Ele perdura fora do tempo e abarca sua duração. Ele é o Pai dos Eons. Ele governa antes de e sobre toda a existência. Ele dá misericórdia mas não é o Amor. Seu nome é por sempre impronunciável, porque nele estão todos os nomes e momentos da existência das coisas, e se alguma vez disser em voz alta o universo se desintegraria como a bainha de um vestido e se acabaria.



Em sua loucura Samael clamou. “Eu sou o único Deus, não há nenhum outro Deus junto a mim.” Blasfemando desta maneira contra a glória do Bendito, permaneceu ignorante do outro lugar de que ele havia vindo.



Ele gritou às hostes reunidas de anjos, “eu sou um Deus ciumento, e não há outro Deus junto de mim,” Com isso os anjos se estranharam, e falando com eles, disseram, “Se não há outro Deus, então de quem estará este Deus com ciúme?”



Samael olhou para o luminoso rosto do Homem e seu coração ardeu maléfico de ciúmes. A criatura que ele havia dado existência pelo fogo de sua respiração tinha uma mente maior que qualquer Arconte. Nele não havia nenhuma mancha de maldade. Era totalmente puro pelo poder de sua mãe. O primeiro Arconte percebeu a faísca de clara luz no Homem. E que ele não havia percebido dentro de seu próprio peito. Como quando uma coisa pode ser vista em um espelho, sem o qual não é possível ver, ele o viu. Samael cobiçou a faísca e pretendeu possui-la.



Os Arcontes e anjos odiaram o Homem porque este os avantajava com seu poder de pensamento e estava livre de pecado. Eles choraram juntos e despertaram nele o pesar das necessidade e os desejos que recordam o corpo, mas fizeram esquecer o espírito. Distraindo os pensamentos do Homem. Seus olhos deixariam de olhar a faísca de Barbelo que brilhava dentro deles. Os Arcontes criaram para ele um lugar aonde colocá-lo e o puseram dentro, o chamaram Paraíso. Eles o disseram, “Come abundantemente das frutas das árvores, desfruta embaixo do Sol”, mas as frutas de suas árvores eram um amargo veneno e seus prazeres falsidade e morte. Com estas coisas se esqueceram do espírito. Assim que eles o embriagaram com luxo.



No meio do paraíso crescia uma árvore ao que os Arcontes chamaram de a Árvore da Vida. Verdadeiramente é uma árvore do tormento cujas folhas são mentira e cujas raízes bebem de corrupção. Suas sementes são o desejo, suas flores o pecado e sua fruta é a morte. A sombra da árvore é o ódio. Brota na obscuridade e aqueles que comem de sua fruta entram na obscuridade e no sofrimento.



No meio do Paraíso crescia uma segunda árvore que os Arcontes chamavam de Árvore do Conhecimento do Bem e do Mau. É a árvore da presença da pura luz. As raízes da árvore bebiam da fonte da água da vida que sustenta aos Eons. Suas folhas são música, sua semente é a promessa, e suas flores castas. A fruta da árvore é o conhecimento do caminho de descender e do caminho de ascender. Aqueles que comem da sua fruta se elevam através dos Eons e se unem com o Filho do Espírito Invisível perfeito, o Autogenito o Mashia.



Os Arcontes deixaram a Árvore da Vida sem proteção para que o Homem pudesse desobedecer a lei de Samael e pudessem comer dele pecando, mas a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal a cobriram com suas asas ocultando-a do Homem para que este não comesse dela e despertasse e se envergonhasse pela nudez de sua loucura. Porque o Homem caminha como em um sonho de esquecimento e obedecia as leis de Samael e o chamavam de Senhor. Ele não sabia que a luz estava com ele, e em Samael somente havia fogo e obscuridade.



Samael envolveu em sonhos o homem mas este não era um verdadeiro sonho senão um esquecimento da mente. Ele pretendia unir-se com a faísca que brilhava em seu rosto. A faísca não era algo que pudesse ser capturada ou roubada. O Arconte principal tomou uma mostra da costela esquerda de Adão quando este jazia dormindo e fez com ela um vaso que ele encheu com uma porção de sua luz. A forma do vaso era feminina. Ela foi chamada Eva, a primeira mulher.



Quando Adão despertou olhou para a mulher e reconheceu nela sua própria imagem. Ela havia nascido da sua própria semelhança e ele a amou como se amava a si mesmo. Ele disse: “Verdadeiramente, é sangue de meu sangue e carne de minha carne. Nos uniremos e seremos um.”



A vontade de Samael era fazer com a mulher em segredo enquanto o homem dormia e dessa maneira arrebatar o poder da faísca que havia dentro dela. Ele pretendia infundir seu poder em suas obras, como o havia liberado antes na união com sua consorte. A beleza da mulher despertou sua luxúria. Ela era inocente e não entendia que estava nua.



Lilith viu o propósito de seu consorte e aumentou a maldade em seu semblante. A beleza de Eva era maior que sua própria beleza porque a faísca da Mãe brilhava dentro dela. A beleza de Eva procede da luz mas a beleza de Lilith é das sombras. Lilith todavia desejava a Samael mas já não podia fazer com ele. A mutilação do Dragão Cego os mantinham separados. O encanto de Eva era como fel e absinto em sua boca.



Na obscuridade da lua minguante ela se transformou em uma coruja. Voou desde os mais altos ramos da árvore no meio do Paraíso chamada de Árvore do Conhecimento do Bem e do Mau. Com agudos gemidos ela convocou a mulher de sua cama antes que Samael tivesse relações com ela. A mulher seguiu os gritos até a raiz da árvore. Ela se maravilhou muito da sua beleza. Sempre no passado havia estado oculto detrás das asas dos anjos.



Lilith disse a Eva, “Desperta da profundidade de teu sonho. Levanta-te da cama de tua embriaguez. Tu és uma Deusa que caiu desde seu estado. Coma da fruta dessa árvore e reconhecerás tua nudez.”



Ela se transformou em sua forma de serpente e estendendo entre suas mandíbulas uma fruta da árvore à mulher. Maravilhando-se de suas palavras, Eva comeu da fruta. Seus olhos se abriram a sua nudez e teve vergonha. Ela correu com a fruta até Adão e o disse que a serpente a havia revelado. Adão também comeu da fruta. Seus olhos se abriram a sua nudez e conheceu a vergonha. Eles encontraram folhas com as que se cobriram e se esconderam da ira de Samael.



Quando o Arconte principal advertiu que o homem e a mulher se haviam retirado de sua presença ele montou em cólera. Entendendo em seguida que eles haviam comido as frutas da árvore. Samael os maldisseram e também à terra que pisavam. Eles viram a ignorância da obscuridade que havia dentro deles mas estavam assustados para censurá-lo. Ele ainda era seu Deus. Os expulsou do Paraíso e os vestiu com peles de sombras. Para que eles não regressassem pôs um Arconte na porta deste com uma espada flamejante.



Passado um tempo depois de que Eva se foi do Paraíso entretanto era virgem. Toda luxúria e fornicação entre os homens procediam do Arconte principal, Samael, nascido do fogo de seu espírito rebelde. Os homens seguiram seu exemplo e pecaram, assim como as mulheres imitaram as tentadoras armadilhas de Lilith, sua consorte.



Quando ele expulsou Eva, se arrependeu por ter sido precipitado, dizendo, “eu farei com a filha do Homem e engendrarei um filho.” Dizendo isto, ele a seguiu com asas escuras. Descobriu a mulher quando estava se preparando no quarto de seu marido. Igual o raio caindo do Céu, ou como o falcão bate suas asas e se inclina sobre sua presa, assim Samael a Antiga Serpente caiu sobre Eva para ultrajá-la.



Ele pretendia manchar a luminosa faísca de vida que brilhava dentro dela. O Espírito Onisciente olhou até embaixo desde seu alto trono e entendeu o malvado propósito de Samael. Ele enviou seu anjo Armozel para tirar a faísca de Barbelo do vaso da mulher antes que o Arconte penetrasse sua virgindade. A luxúria de Samael foi satisfeita, mas a luz não foi contaminada.



Adão foi com sua esposa. Quando ele viu a sujeira de sangue e semente impura que manchava suas coxas, ele supôs que a Serpente a havia montado. Esta foi a mancha da primeira descarga menstrual, a maldição das mulheres para sempre. Ele rechaçou e negou as carícias de Eva. O ardor da mulher cresceu pela escoria que Serpente havia vertido dentro de seu útero. Ela usou seus atrativos para seduzir Adão até que ele jazeu com ela em sua impureza.



Quando o momento chegou, um filho do homem nasceu. Eva o envolveu com a borda de seu vestido e o levou a Adão, dizendo-lhe “Tenho recebido um homem do Senhor.” A cara do infante era vermelha de indignação, e os olhos do menino eram negros de raiva. Da sua cabeça caia uma mecha de cabelo negro como o alo de um corvo. Jamais se viu seu riso. O nome do menino era Caim. Adão pensou que era o fruto de suas partes mas Eva sabia que ele era o fruto da Serpente.



Quando o momento chegou, um segundo filho do homem nasceu. Porque Adão continuou fazendo com Eva em seu sangue. A cara do infante era justa, e seus olhos eram azuis. O cabelo de sua cabeça brilhava como o ouro do Sol. Quando o menino alcançou sua virilidade ele cantou canções de sua própria criação enquanto cuidava das ovelhas de seu pai. O nome do menino era Abel. Ele foi verdadeiramente o fruto de Adão, mas um destino terrível desceu sobre sua cabeça pelo pecado de seu pai.



Caim fez oferendas ao Senhor, quer dizer a Samael o Arconte principal, mas seu coração era rebelde e seus pensamentos orgulhosos. Abel fez a oferenda de seu rebanho, e seu coração era manso em seu peito e seus pensamentos obedientes. Samael aceitou os presentes que Abel o deu humildemente. E aos de Caim os deu de volta, determinado pela arrogância. Caim odiou a Abel porque o Senhor lhe favorecia. Quando Caim estava com seu irmão no campo levantou sua mão e o matou.



Samael se lamentou pelo assassinato de Abel e a ira cresceu nele. Maldisse a terra para que Caim não obtivesse ganância dela. Porque ele amava o filho de Adão mais que sua própria semente. E a terra já não produzia para nutri-lo. Ele se foi de seus campos e deixou os rebanhos de Adão. Para que Caim sofresse a destruição em seu futuro, Samael pôs uma marca ardente em sua cara. Por esta marca o leão e o basilisco o evitavam.



Caim entrou na terra ao leste do Paraíso e tomou uma esposa. Ela não era uma mulher senão uma filha de Lilith engendrada por Samael através do Dragão Cego. Seu nome era Yoko. Ela era um demônio dos desejos secretos. Com ela Caim engendrou Enoque. Este construiu uma cidade, a qual foi mais tarde mencionada pelo filho de Caim. Enoque engendrou a Matusalém, e Matusalém engendrou a Lamec. Toda a linhagem de Caim emanou da luxuriosa copulação com as filhas de Lilith.



Lamec tomou a dois demônios do deserto para que fossem suas esposas. Uma se chamava Adah e a outra Zillah. Com Adah ele engendrou a Jabal que foi sábio em todas as maneiras de sacrifício e a leitura de sinais. E Adah deu a luz outro filho chamado Jubal que cantava hinos de louvores e rendia culto ante ídolos talhados. Com Zillah engendrou a Tubal-Caim que ensinou a manufatura de armas de guerra. E Zillah deu a luz a uma irmã de Tubal-Caim que se chamou Naamah. Ela era uma sedutora e uma feiticeira experimentada em encantamentos e na criação de talismãs.



Em aparência Naamah era como Lilith. Por cima de seu umbigo ela estava formada como uma mulher. Mas por debaixo deste ela era às vezes uma mulher e às vezes um pilar de chamas devoradoras. Naamah tentou e seduziu a seu irmão Tubal-Caim para que fizesse com ela. Igualmente usou seu encanto para despertar a luxúria de Lamec, e quando ela transou com seu pai e havia recebido sua semente sobre a semente de seu irmão, ela colocando-se asas de obscuridade se afastou voando e rindo-se com maldade em seu coração.



Com remorso por seu malvado ato de incesto, Lamec levantou sua mão contra Caim e o matou. Mas foi a maldição de Caim que deu lugar a maldade de Lamec. Assim foi o juízo de Samael realizado contra Caim pelo assassinato de Abel seu irmão.



O canto de Lilith. Oh meu amor, estavas perdido. O Sol inclina sua face até as montanhas Ocidentais. Tu esquecestes os lugares de onde surgiste. Tu vagas sobre as profundezas e teus pés estão banhados em sangue. Foges através dos vales e a bruma acumulada te traga, e as sombras te reclamam. O caminho está semeado de espinhos. O asno selvagem pasta pelo caminho. Um ladrão na noite roubou as pedras indicadoras. O crepúsculo cai entre tu e a tribo de teu pai que vai adiante de ti. Suas pegadas foram engolidas. Suas vozes deixaram de fazer eco nas colinas.



Mora comigo nesta noite e eu te confortarei. Embaixo do céu aberto eu te darei abrigo. Deita na encruzilhada com tua cabeça em meu colo. Branco minha coxa como a asa do cisne recentemente amadurecido, suave como a pluma que reveste o ninho das aves aquáticas. Renuncia a tuas preocupações do dia e eu aliviarei tua fronte com beijos. Minha língua transborda a doçura do favo de mel. A exuberância da granada que é partida em sua madurês, assim meus lábios fazem-se maduros sobre teus lábios. Bebe o vinho de minha boca. A qual é um cálice transbordante como o vinho do desejo. Embriaga-se com meus beijos. Oh solitário viajante.



Busca refúgio embaixo do arco das minhas coxas. Estas são poderosos pilares de alabastro que sustentam o firmamento de estrelas fugazes. Refresca tua língua nas refrescantes fontes de meus peitos. Estes são distantes montanhas cobertas de neve que caem em torrentes espumadas. Oculta tua cara em meio do emaranhado matagal de meus cabelos. Este é um denso bosque com árvores de fragrâncias especiarias. Oculta-te profundamente atrás da forte entrada de meu útero. Esta é a Casa de Santidade, sim, incluindo o Sancta Sanctórum (santo dos santos).



Eu sou branca e formosa. Meu semblante brilha com a pálida luz da Lua em seu esplendor. Entra em meu Jardim Secreto e faça-se dentro de mim caramanchão. Fica comigo, Oh meu amor. Não te preocupes pelo passo dos dias. As estações voltam e caem como as pétalas da flor. Os anos se afastam como as nuvens depois da chuva. Incluindo quando teu lapso de vida fazia-se finalizado, fica em meu abraço. Eu te trarei o suave abrigo da terra e jazerei ao teu lado até os confins do mundo.



Não esforce-se para levantar-te, meu amor. A longa noite tem ainda que acabar. Eu não partirei tão cedo do calor de tua respiração. Meus braços se apegam ao redor de teu colo febril igual o fio da aranha umedecido pelo orvalho agarrado à mariposa trêmula. Meus lábios vermelhos se grudam com a doçura do mel em tua cara. Estás capturado entre o forte arco de minhas coxas. Meu útero devora todo teu membro inchado como a serpente que traga sua presa rapidamente e com vida.



Eu sou negra e de terrível aspecto. Meus olhos são vividas brasas que ardem como um fogo esmeralda nas cavernas de meu crânio. Meus dentes são afiados como os do dragão que esmaga seu inimigo em um abraço mortal. Agudas minhas envenenadas unhas como as presas da víbora que sibila. Meus lábios são vermelhos pelos coágulos de sangue, de minha boca goteja sangue fresco, minha língua bifurcada é negra como a Morte, o fedor da carniça se agarra a minha respiração, e as moscas veem e se pousam em minhas bochechas. Negros são meus peitos como as colinas das profundezas. Minhas coxas imensas colunas de ébano que inclusive se estendem para abaixo até os mesmos cimentos do Abismo. O leviatã enrola sua viscosa largura sobre eles e faz de meu útero sua guarida. Este Engendra serpentes como o faz a barriga podre de um cavalo morto.



Não tentes escapar, Oh meu amor. Meus braços te contêm com uma força terrível, eu te sujeito a meu peito com os grossos fios de meu cabelo. Sou uma Deidade Ciumenta. Nenhum outro deus deitará contigo. Eu sou a Prostituta Celestial, a Rainha de Todos os Prazeres. Nenhum outro amante te agradará na vida. Tua semente é o pagamento que exijo por minha prostituição. Tu és a fonte de meu deleite como o cadáver deleita o chacal no deserto. Os gritos que nascem e morrem em tua garganta nutrem minha obscuridade. Teu medo excita minha luxúria. Eu não deixarei de abusar de ti todo o tempo que te ame. Nem tu poderás libertar-te jamais de mim, porque nos unimos como uma carne embaixo da face escura da Lua. Eu grito pelo excesso de minhas paixões. Meus gritos são como os do pássaro que voam pela noite gritando.



Temeroso viajante, tu sonhas um sonho do qual não vai despertar. Tu vagas perdido em uma obscuridade que não tem amanhecer. Resigna tua alma a minhas carícias e coloque-se ébrio com a embriaguez de meus beijos. Verdadeiramente eu te amo como nenhuma filha de Eva pode amar-te. Tu te fazes mais forte em minha luxúria que na luxúria nascida da carne. Eu te ensino deliciosos pecados desconhecidos pela luxúria nascida da carne. Eu te ensino deliciosos pecados desconhecidos pela humanidade. Os prazeres que eu dou são os mais vívidos. Os caminhos que abro são profundo caminhos. Guarda-te do vão arrependimento e esquece a luz rosada do amanhecer. Faça surdos seus ouvidos ao canto do galo. Aninhe-se para sempre embaixo da aveludada sombra de minha asa. Meu filho, minha carne, meu próprio dono, como podes pensar que te abandonaria?



Este é o Mistério dos Nomes. Lilith e seu consorte Samael são uma só carne. Assim como a Mãe Eva surgiu da costela de Adão, assim Lilith surgiu da substância do Príncipe dos Arcontes. Quando esta única essência toma a imagem de Adão e vai a fazer com as filhas do homem, se lhe chama a Serpente Inclinada. Quando ela se põe a pele de Eva e visita aos filhos do homem, se lhe chama a Serpente Enrolada. Ambos são nomeados como Serpentes para indicar unidade.



Ela é chamada a Nortenha porque todos os males descendem do Norte. É a região das tormentas e da pestilência, o lugar dos ventos embaixo de uma perpétua obscuridade. Também ela está interiormente fria pela castração do Dragão cego e deve roubar o calor copulando com a humanidade.



Ela é Lilith, o ser Ímpio que nunca está satisfeito. Seu útero está aberto e não pode ser preenchido. Ainda que ela se deite na cama alheia todas as noites sua luxúria a atormenta. Nos braços de seu amante ela anseia o abraço. Na plenitude do prazer ela sente um amargo pesar. Os frutos desse amor são cascas vazias. Ela tem fome e não se alimenta.



Ela é a avó Lilith e Lilith a anciã porque é mais velha que a humanidade. Toda a maldade flui de seu útero. A descendência das uniões entre os anjos caídos e a humanidade são levados a ela e atados à interminável bainha de sua saia. Ela os alimenta com absinto e os cria como a seus próprios filhos.



Ela é chamada a Mãe dos Abortos porque odeia a fertilidade das filhas de Eva. Com artes maléficas causa abortos.



Ela é a Escassa Medida porque colhe a semente que emite o homem durante os sonhos, e a semente que é vertida na terra para prevenir a gravidez, e usa seu calor para engendrar monstros. Os homens que dormem sozinhos no quarto caem presos em suas carícias.



Ela é denominada a Bruxa Noturna, e por esta razão, se senta no peito dos que jazem dormindo, e suga sua respiração com seu beijo. Sua doçura e nauseante fragrância obstrui seus orifícios nasais. Às vezes ela se senta nas faces dos homens e saca seus espíritos com seu útero. Ela entra em seus sonhos e se diverte com eles. Estes jazem como se estivessem sujeitos com corrente e não podem tirá-la.



Ela é chamada de a Estranguladora de crianças. Vai aos berços dos infantes recém nascidos e se agarra a suas pequenas caras. Intenta entrar neles e receber a forma de seus vasos, tentando unir suas almas com ela para possuí-los. Sua respiração se detém e morrem.



Ela é a Prostituta Escarlate porque usa um vestido vermelho para despertar as paixões dos homens, já que esta é a cor da libertinagem. Assim também é seu cabelo da cor da lama. Ela monta nos lombos do Dragão cego enquanto voa no grande círculo da bússola do Mundo.



Ela é a Rainha das Prostitutas porque todas as mulheres caídas que se venderam pelo preço de um pão de forma ou uma jarra a servem como criadas e a rendem culto. Ela instrui suas mentes nas artes perversas. Elas se atrevem a pecar pelo valor que os concede, e é um tipo de loucura temerária que as conduz a realizar grandes maldades.



Ela é conhecida como a Mulher Estrangeira e a Coroa Estrangeira pela razão de que se interpõe furtivamente entre o homem e sua esposa como uma corrupta moça servente que seduz o Amo da Casa e o tira fora do quarto matrimonial. Ele esquece a sua esposa e deita-se em uma cama à margem da lei. Ele a faz a senhora de sua casa e logo ela o trai.



Ela é chamada a Donzela quando vem ao princípio. Porque põe uma cara modesta e fala com castas palavras. Leva cobertas suas extremidades. Ela finge inocência como uma Noiva nova em sua noite de bodas. Toda esta falsidade está destinada a engendrar o amor que pode corromper. Embaixo da ocultação da bainha de seu vestido ela é um pilar de fogo.



Ela é chamada de a Mensageira de Deus. Quando ela escraviza um homem para a iniquidade o deixa e se eleva até a maior altura do firmamento de onde proclama sua vitória aos Eons. Ela o denuncia ante o trono do Pai de Tudo. E Ele o da sua permissão, ela descende e mata a seu amante como a ovelha é sacrificada e consumida no fogo do altar. Então leva sua alma para as profundezas. Também envia os demônios para que castiguem a humanidade por suas transgressões.



Ela é a Destruidora porque é enviada às más nações da Terra. Estes não temem ao Senhor ou obedecem seus mandamentos. Com suas hostes ela arrasa suas cidades. Seus rebanhos serão estéreis e seus campos semeados de sal. Os filhos dos injustos morrerão em seus berços antes de que aprendam a engatinhar.



Ela é conhecida como a Princesa dos Gritos porque voa com asas através da noite e grita no deserto. E o viajante solitário recolhe sua capa sobre seus ombros e se apressa por seu caminho para que ela não chegue por detrás e o dê uma palmada nas costas.



Ela é a Casca Brutal pela razão de que não tem piedade. As almas condenadas de seus anteriores amantes rogam sua misericórdia e ela ignora seus lamentos com uma risada cruel e os arrasta pelo calcanhar para abaixo da terra.



Ela é Lilith a Grande consorte de Samael o arconte principal. Ela é chamada a Pequena Lilith a filha que Caim teve com a diaba Zillah. O mesmo que Naamah, a Rainha de todas as feiticeiras. Estas duas são uma igual que a Lua Minguante e a Lua Nova são a mesma coisa.



Ela é chamada o Fim da Carne porque corrompe, e também põe a carne negra e putrefata quando o espírito de vida a deixa. Ela é o Fim dos Dias porque leva a maldição que é a morte da alma.



Os Aspectos de Lilith. Quando ela vem como Samael a Serpente inclinada para fazer com as mulheres mortais às vezes tem o corpo de uma grande serpente com a cara de um leão. Frequentemente tem a cabeça de um homem com um longo cabelo dourado e leva uma coroa de ouro maciço. Ele rodeia a mulher entre seus anéis para que não possa mover-se e a viola. Seu membro é longo e fino com a dureza do ébano mas é frio, assim que o calor é tirado da sua barriga. Sua língua é bifurcada como a de um lagarto. Ele a estende dentro da orelha da mulher ou a coloca na garganta. Com seus lábios sussurra obscenidades. Morde os peitos e os deixa enegrecidos. Lança um pingo de veneno em seu útero que se converte em corrupção e fedores, as moscas vem e ela morre.



Pretendendo enganar, assume a forma de um atrativo jovem com uma suave e branca pele e com o cabelo dourado que lhe cai em fios ao redor de suas orelhas. Em voz alta diz doces palavras de amor. Quando canta é como se uma mulher cantasse. Sua risada é um suave choque de címbalos. Seus olhos jamais deixam de olha-la. Com solicitudes ele engana a sua tonta amante até que é conduzida a oferecer-lhe todos seus presentes. Ao final ela se submete a qualquer ultraje que ele se agrade a infringir. Ela perde sua virtude, ele revela sua verdadeira natureza, Samael o Príncipe das Mentiras.



Quando ela fala suas palavras fluem como o azeite de uma jarra recentemente aberta. Ela sorri com a promessa de segredos proibidos. Sua boca esta enfeitada com pétalas de rosa e é doce como a doçura do mel. Em seu beijo há um agudo sabor de bagas maduras esquentadas embaixo do Sol. Sua risada é uma fonte espumante que murmura sobre um banco de pedras nevadas.



Ao homem modesto ela lhe aparece na aparência de uma donzela. Com olhares modestos pelo canto dos olhos ela amolece seu coração. Seus dedos o chamam à tentação. A parte inferior de sua face a mantem velada igual que uma mulher virtuosa. Quando sua luxúria se acelera e seu coração se esquenta ela se parece com uma prostituta. Suas pálpebras estão pintadas com “egípcio negro” e as unhas de suas mãos e pés estão tingidas com hena. Anéis adornam seus dedos e braceletes rodeiam seus braços. De suas orelhas penduram-se ornamentos. Seus vestidos cobrem sem ocultar. Ela se ri abertamente como um homem e cruza o olhar de seu amante de forma atrevida.



Ele fica condenado por atos perversos. A parte de sua barriga por debaixo do umbigo está contaminada. Ela verte em sua garganta um Vinho de Abominações e de esquecimento do voto matrimonial e usa a sua esposa como uma prostituta, sim, incluindo em sua sujeira ele a usa. Então Lilith se regozija em suas cascas e transforma seu vaso em o Destruidor de Mundos. Ela vem a ele como um gigante, negro de pele e cheio de olhos. Seus dentes são curvados como punhal por cima de seus ásperos lábios. Sua voz é um rugido atormentador, seu hálito fede como a corrupção da fossa dos mortos. As chamas cobrem seus membros como se de um vestido se tratasse. Em sua mão direita ela esgrime uma espada que goteja de sua ponta o veneno do escorpião. Então ela pega-o e o abaixa às profundezas e nunca mais é visto.



Lilith usa uma multidão de vasos cujas formas estão em harmonia com as perversidades dos homens. Porque há alguns homens que desejam fazer com monstros. Nem são aplacados até que tenham ultrajado suas soluçantes almas como escravos cativos de terras estrangeiras e se tenham zombado de sua degradação.



Às vezes ela vem como uma criatura meio mulher e meio serpente. Da cintura para cima ela é mulher, mas por debaixo desta é um monstro do Abismo das Águas. Ainda assim ela tem partes de mulher e eles fazem com ela.



Ela vem como uma mulher cujo cabelo são víboras, e uma víbora permanece em sua boca no lugar da língua. Eles a olham com terror mas não podem fugir. Suas pernas se tornam água e seus corações são como a pedra.



Os viajantes do deserto ouvem seus alaridos. Ela veste a forma de uma ave de rapina com a cabeça e peitos de uma mulher formosa. Enquanto eles jazem dormindo, ela defeca em suas caras. E cai sobre suas costas com suas garras afiadas e os abaixa às profundezas.



Todavia, ela veste outra forma no deserto, e é esta. Ela cai sobre os desprevenidos viajantes. Seu corpo é como o de um leão e sua cabeça e peitos de mulher então os desafia e prova sua sabedoria com enigmas e se eles falham, os viola.



Também chega como uma grande serpente com um ferrão envenenado na sua cauda e com a cara de uma mulher. O homem deita-se excitado em um sonho. Ela come seu membro e quando ele desperta é um eunuco nem masculino nem feminino.



Ela se veste de muitas outras formas segundo o prazer. O número é demasiadamente grande para anotar com a caneta. Tão curiosas são algumas que a mente não os penetraria, deixando-a ao caos.



(Mitologia do Liber Lilith - Um grimório gnóstico. Tradução: Bruxaria Sem Dogmas)

 

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