Bruxaria Sem Dogmas: Amor do meu Orixá Obaluayê/Omolú por Oyá/Yansã

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Amor do meu Orixá Obaluayê/Omolú por Oyá/Yansã


Fundamentos de Yansã/Oyá e o Amor do meu Orixá Obaluayê/Omolú por Ela! #candomble

Certa feita, escrevi um prefácio para o Livro da minha Amiga, Irmã e Mãe de Santo preferida de CANDOMBLÉ, Rita Bueno, Rita de Oyá! Aconteceram problemas e infelizmente a Rita perdeu tudo o que escreveu para o Livro. O Livro será publicado no futuro e eu reescreverei um novo prefácio para a minha Amiga Rita de Oyá.

Segue abaixo o prefácio que escrevi e que seria publicado com muito FUNDAMENTO sobre Oyá/Yansã e do AMOR do meu Orixá Obaluayê/Omolú por Ela:



É com muita honra, orgulho e prazer que fui convidado a escrever o prefácio deste livro da Rita Bueno, minha Amiga, Irmã e Mãe de Santo Preferida, também conhecida como Rita de Oyá. O Brasil hoje é fruto de uma imensa miscigenação cultural e racial com os negros que no passado foram escravizados. O Brasil foi o país que mais “recebeu” escravos vindos da África e foi o último país no mundo a abolir a escravidão. Junto com toda a cultura que os negros trouxeram, eles trouxeram também seus Deuses e cultos. Seus Deuses, dependendo da Nação de onde vieram os escravizados, possuem diferentes nomes: Orixás, Voduns e Inkicis. Embora algumas diferenças, vamos tratar tais Deuses como Orixás, que é o nome mais popular no Brasil.

Os Orixás são divindades que participaram de toda criação. Toda cultura religiosa tem sua cosmogonia, mitos da criação. Mas os Orixás também encarnaram na Terra e vivenciaram a criação como seres humanos. Sou filho do Orixá Obaluayê. Um Orixá da terra e de tudo que nela cresce. Um Orixá que sofreu muito desde seu nascimento. Obaluayê é também o portador das pestes e da cura das doenças. Foi abandonado na beira do mar por sua mãe biológica Nanã por ter nascido coberto de chagas e feridas da varíola. Na praia, foi atacado por um enorme caranguejo que lhe feriu ainda mais. Foi acolhido e criado por Yemanjá, a Deusa do Mar, que o tratou e criou. Muitas coisas aconteceram com Obaluayê até a sua cura definitiva.

Certa vez, Obaluayê queria ir na festa dos Orixás e o Orixá Ogum confeccionou uma roupa de palhas para Ele. Ele entrou na festa e ninguém queria dançar ou mesmo se aproximar dele com receio de se adoecerem. Somente Oyá teve a coragem e o puxou para dançar no meio do salão. Como Oyá é a dona dos ventos, um forte vento levantou as vestes de palha de Obaluayê e no mesmo instante todas as feridas e cicatrizes dele se transformaram em pipoca. Além de uma forte luz vinda dele que varreu todo o salão de festa e deslumbrou todos os outros Orixás porque notaram que diante deles estava o próprio Sol. Somente depois dessa dança com Oyá, depois de todo sofrimento de Obaluayê, que ele finalmente se curou de todas as mazelas.

Mas esse prefácio não é sobre meu Orixá, e sim sobre o Orixá da Rita Bueno, Oyá. Oyá também é conhecida pelo nome Yansã (Yánsàn). Oyá é a Senhora das chuvas, ventos, tempestades, bambuzal. É a mulher que se transforma em búfalo. Uma Deusa guerreira, destemida, ousada, carrega espada, usa cobre, usa couro e usa leques. Ogum certa vez estava caçando e viu um búfalo na floresta. Quando ele ia lhe lançar uma flecha, viu que o búfalo era na verdade uma linda mulher. Ele roubou a pele de búfalo que Oyá usava para se transformar e só devolveu com a condição de que Oyá se casasse com ele. E assim aconteceu com a condição de que ele nunca contasse o segredo de Oyá. As outras três mulheres de Ogum invejavam Oyá porque Ogum só queria saber dela. Elas então embriagaram Ogum com vinho de palma e Ogum contou o segredo de Oyá. Oyá se revoltou, pegou suas vestes de búfalo novamente, se embrenhou no mato e fugiu da condição de esposa de Ogum.

Oyá não foi rainha na Terra como Oxum e Yemanjá. É por isso que nos grandes Axés e na África, Oyá não usa o “chorão” cobrindo seus olhos quando incorporada nas filhas e filhos de Santo. Além do mais, uma guerreira deste porte deve estar sempre pronta pra guerrear e o “chorão” atrapalharia nas grandes batalhas.

Quando dizemos Oyá, Oyá, estamos dizendo depressa, rápido, rápido. Tudo com Oyá é muito rápido. Suas filhas e filhos também resolvem as coisas muito rápido. Ao contrário do meu Santo, Obaluayê, que por ser muito velho, tem certa lentidão em resolver as coisas.

Oyá é também a grande Deusa que coordena, domina, tem o poder sobre os eguns, sobre os antepassados, sobre os falecidos. Única Santa que conseguiu perceber que quando os bois passavam, os eguns respeitavam. Até então, os eguns ficavam soltos. Os bois balançavam o rabo pra lá e pra cá e os eguns tinham medo e se escondiam. Oxóssi deu a ela o poder do rabo do boi, o eruexim. Ela é a dona dos cemitérios.

É a Senhora que carrega todos os ebós para dentro das matas. Ela é uma grande força nas casas de Santo por causa da ancestralidade. Sem ela, não lidaríamos com os ebós, eguns, feitiços, traidores. Neutraliza toda negatividade. Presente em tudo em uma casa de Santo. Todos os ebós, trabalhos, limpezas, iniciações. Vela sobre a limpeza dos obrigacionários, espanta os eguns da casa, presente nos rituais fúnebres, rituais festivos de Babá-Egum, única que tem o poder de entrar dentro dos quartos de Santo.

Oyá também é um rio na África. Tal rio se divide em 9 efluentes. Daí também o fundamento de que quando encarnada na Terra, Oyá teve 9 filhos. Também é conhecida como a Mãe dos 9 filhos mortos. Mãe dos abikús – crianças que nascem para morrer ou mortas. Deformadas, faltando partes, ou mortas em acidentes. É Oyá quem toma conta. Tem poder também em cima dos ibejis, dos gêmeos. Ibejis gostam de morar perto de Oyá. Oxum é mãe dos Erês e Oyá dos ibejês.

É amada por Xangô, por Oxóssi, Obaluayê, e foi a grande esposa de Ogum. Senhora do fogo, fogo de Xangô e de Exú. Dança com Xangô carregando a panela com fogo. Dança como se espantando egum, baila como uma grande bailarina, baila como uma borboleta voando. Além do bambuzal, a borboleta é também um símbolo dela. Ela tem muito a ver também com Exú. Ela diz: “Quem cuida de Exú, vence seus inimigos.” Nos livra dos traidores, invejosos e das perturbações.

Mulher das espadas, senhora dos ventos, muito a ver com Xangô e Obá.É da terra de Irá, próxima das terras de Oyó (terras de Xangô). As filhas dela vão vender em Oyó. São grandes vendedoras, vendedoras de dendê, colares, materiais para funcionamentos religiosos, pedrarias, corais. Senhora dos grandes corais, a pedra viva. Rápida, quebra os pratos, derruba as coisas, suas filhas tem muito disso também. Olha de cima a embaixo para todas as coisas e pessoas. Ela é a grande protetora de todas as baianas do acarajé.

Suas filhas são guerreiras, trabalham, vão atrás, destemidas. Mulheres de luta e de trabalho. Observadoras. Quando falam, falam muito, quando não querem não falam. Mas quando falam, rodam a baiana e mostram quem elas são. As filhas dela recebem muitos cargos na vida e na casa de Santo. Intempestivas, ousadas, usam brincos grandes, enfeitadas. Chegam e mostram que chegaram. Possuem uma energia violenta, poderosa, transforma as pessoas. Ligadas à alegria, amor e sexualidade. Gostam de roupas alegres e chamativas. Têm também qualidades de Oyá que só vestem branco.

Oyá come acarajé, ekurú, abará, acaçá, acaçá vermelho, milho, lascas de quiabo – divide essa parte com Xangô, cabras, galinhas, pombos, galinha d’angola. Gosta de flores e perfumes. Dona do cobre, dendê, sal, gim, vinho, água e chifre de búfalo. Gosta de vinho moscatel e come as mesmas comidas que come egum. Ela também come farofa de Èkuru – farofa de feijão fradinho e xinxim. O Mariô – mariò – folha do dendezeiro também lhe agrada. Ela é a dona das panelas. Seu dia é quarta-feira junto com xangô.

Essa é minha singela homenagem a Oyá que amo de paixão, como todo filho de Obaluayê ama, e é pra mim uma honra escrever esse prefácio para o livro da Rita Bueno, minha Amiga que tem a honra de ser filha de Oyá.

"Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim"

(As Yabás - Maria Bethânia)

Eparrey Oyá!

Autor do prefácio:
Nome civil: Yuri Caldas Karklin
Nome pagão: Eosphorus Pluto Eleutherios
Desenho autoral mediúnico: A DANÇA DA CHUVA (OYÁ/YANSÃ) COM O ARCO-ÍRIS (OXUMARÉ)
Blog: BRUXARIA SEM DOGMAS

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