A
DIVINIZAÇÃO DE SÀNGÓ (XANGÔ)!
COMO
XANGÔ SE TORNA UM ORIXÁ!
Nativo da cidade de Tápà,
fronteira com o rio Níger, o culto de Xangô é fruto do sincretismo cultural
desse povo com a cidade de Ifè, pois nasceu da união de Òránmíyàn e Torosi, a
filha de Elénpe, rei de Tápà. Retornando mais tarde para a sua região,
Òránmíyàn fundou a antiga cidade de Òyó, localizada próxima ao monte Ájàkà.
Xangô viveu a infância e juventude nas terras Tápà, depois indo para outras cidades, conquistando uma delas, denominada Kòso, lá assumindo a condição de líder do povo como Oba, seu rei. Xangô sonhava em assumir o reinado de Òyó, que tinha como regente Dàda Àjàkà, seu irmão mais velho, que não estava à altura do cargo por ser passivo e indolente. Xangô invadiu Òyó e destronou o irmão que se instalou na cidade de Ìsele. Passou a ser o 30 Aláààfin de Òyó, permanecendo no trono durante 7 anos, gerando inúmeras histórias de suas façanhas e de seus casos de lutas e paixões. Segue uma delas:
Xangô, como soberano de Òyó,
assumiu o cargo de guerreiro, pois esta fase do povo Yorubá, era dedicada a
conquistas, com isso seu trono se expandiu, se tornando o soberano legítimo
reconhecido por todos. Seus exércitos dominaram todos os seus opositores, e
assim, todos os demais reis reconheceram sua supremacia.
Dois guerreiros se destacam
no exército de Xangô, Tìmi e Gbònkáà Èbìrì, conhecidos e respeitados por todos.
Suas vitórias eram sempre lembradas, o que incomodou Xangô que dizia: “Sou o
aláààfin de Òyó, o Oba dos Oba, e mesmo os meus exércitos conquistarem tudo,
não é só a mim que elogiam.” Refletiu e imaginou uma maneira de se livrar da
força que os dois tinham junto ao povo de Ifè.
No outro dia, enviou um
mensageira à casa de Tìmì: “Na cidade de Èdè, as coisas não andam bem. Lá, o
povo não demonstra respeito necessário a Òyó. Vá, estabeleça a ordem e oprima
aqueles que buscam a desordem. Permaneça lá e seja a autoridade de Èdè.” Tìmì
agradeceu a confiança e disse: “Grande Xangô, farei o que me pede. Èdè voltará
a ter ordem e será submissa a Òyó.” E foi para casa se preparar para a viagem. Levou
seus amuletos no pescoço e nos braços, pegou o arco e as flechas flamejantes
que usava nas batalhas e que o faziam torna-se invencível, montou seu cavalo, e
com alguns guerreiros seguiu para Èdè.
Xangô pensou: “Agora me
livrei de um dos meus heróis que certamente será morto tentando conquistar Èdè.”
Porém, chegaram notícias de que Tìmì conseguiu vencer a batalha. O nome de Tìmì
havia se tornado maior do que antes e a cidade de Èdè se desenvolveu como
potência militar poderosa, repercutindo em Òyó, deixando Xangô muito
aborrecido. Então, começou a elaborar um grande plano. Mandou chamar o outro
herói, Gbònkáà, e o instruiu: “Vá até Èdè onde Tìmì governa. Quando ele partiu
daqui, prometeu tornar a cidade submissa a Òyó. Em vez disso, ele a fez altiva
e vaidosa, como se Òyó fosse uma aldeia sem nenhuma importância. Vá e
derrote-o. Traga-o de volta usando os seus poderes.”
Ouvindo isso, Gbònkáà disse
que não tinha raiva de Tìmì e disse a Xangô: “Grande aláààfin, eu escuto suas
ordens, mas lembre-se de que eu e Tìmì combatemos juntos. A dor de um sempre
foi a dor do outro. Quando um de nós se feria, o outro ajudava. Aliviamos a
nossa sede no mesmo copo. Como lutarei contra Tìmì? Um de nós certamente
morrerá.” Xangô disse que já havia pensado nisso e elogiou o poder de Gbònkáà,
dizendo que ele era muito eficaz e que ele iria vencer sem causar nenhuma
morte. O que Xangô tinha em mente era que quando os dois se encontrassem, um
dos dois morreria, e assim, ficaria mais fácil de ele enfrentar apenas um.
Gbònkáà respondeu a Xangô: “Eu
irei até Èdè e falarei com Tìmì como se fala a um companheiro de muitas
batalhas. Eu o convencerei a retornar.” Dizendo isso, foi para sua casa,
carregando consigo seus talismãs. Pegou o seu chifre de antílope, onde dentro
continha um de seus grandes poderes ligados a encantamento. Partiu, tendo à
frente o tocador de atabaques cantando seus feitos e glórias.
Algum tempo depois, o povo
de Èdè começou a ouvir os cânticos e os sons do atabaque. Viram admirados a
chegada de Gbònkáà. Ele era forte e violento, e o seu corpo estava quase todo
coberto com sacolas de couro contendo a força de seus poderes. Na mão, trazia
uma lança e, sob seu escudo, estavam as marcas tradicionais de seus feitos. O
povo correu até a casa de Tìmì, gritando que Gbònkáà havia chegado e estava
trajando roupas de guerra. Tìmì o aguardou na porta da sua casa, Gbònkáà
aproximou-se e disse: “Tìmì, meu companheiro de guerra. Xangô me enviou até
aqui para te trazer de volta. Peço que se prepare para a viagem. Tìmì
respondeu: “Gbònkáà, você percorreu comigo várias regiões e agora está de volta
a Èdè, porém não posso voltar com você, pois sou agora o Oba desta cidade.
Quando Xangô me mandou pra cá, ele não disse para voltar. Portando, não irei.”
Todos observavam com
apreensão o diálogo. Gbònkáà disse, então: “Meu amigo, devo lhe dizer que Xangô
me ordenou que se você não viesse comigo em paz, eu teria de leva-lo à força ou
lutar para decidir o caso.” Tìmì se surpreendeu: “Gbònkáà, você teria coragem de
usar suas armas contra mim? Sou seu companheiro e amigo de muitas batalhas.”
Mesmo lamentando, Gbònkáà foi irredutível: “Infelizmente, terá de ser dessa
maneira. Prepare-se, vamos lutar.” Tìmì foi se preparar. Cobriu-se com seus
talismãs. Em suas mãos, seu Ofà Iná(n), as flechas flamejantes.
Os tocadores de atabaques
dos dois heróis começaram a cantar louvores. Tìmì armou sua flecha flamejante
em posição de ataque. Gbònkáà segurou seu chifre de antílope onde trazia o seu
poder de encantamento. Gbònkáà, enquanto fitava Tìmì, começou a recitar um
determinado ofo, reza de encantamento, que terminava com as seguintes palavras:
Ewé ti a ba já lówó òtún –
Folhas apanhadas do lado direito
Òtún níígbé – São conservadas
na mão direita
Ewé ti a ba já lówó òsì - Folhas
apanhadas do lado esquerdo
Òsì níígbé – São conservadas
na mão esquerda
A sùn fonfon ni tígi àjà –
Uma trepadeira fica sempre imóvel
Ìwo, Tìmì! Sísùn ni kóosùn!
Você, Tìmì! Fique imóvel, durma, não acorde!
Imediatamente Tìmì entrou em
sono profundo. Suas armas caíram no chão, Gbònkáà abaixou-se e pediu ao povo
para colocá-lo em cima de um cavalo, levando-o de volta para Òyó. Foi direto ao
palácio de Xangô e disse: “Nós nos preparamos para a luta, mas com meus encantamentos
o coloquei para dormir.” Xangô pediu que o acordasse. Quando Tìmì se levantou,
o povo o ridicularizou com frases e risadas. Gbònkáà dispersou o povo e seguiu
calmamente para casa.
Xangô estava muito
aborrecido, pois os dois heróis continuavam em Òyó. Chamou Tìmì e disse: “Pensei
que fosse derrotar Gbònkáà, mas deu-se o contrário. Ele o fez dormir e agora o
povo zomba de você. Você não pode ser humilhado diariamente. Se desejar,
anunciarei uma nova luta entre vocês.” Tìmì respondeu: “Sim. Me encontrarei
novamente com Gbònkáà e a morte deverá cair sobre um de nós.” E um novo
encontro foi anunciado.
No outro dia, os dois
guerreiros, os tocadores de atabaques e o povo se reuniram na praça principal
de Òyó. Havia uma grande agitação. Tìmì atirou uma flecha flamejante em direção
a Gbònkáà e Gbònkáà dirigiu seu chifre de antílope para o leste. A flecha,
então, tomou o rumo do leste. Uma a uma, Gbònkáà desviava as flechas seja para
qual for a direção que apontava. Gbònkáà começou a entoar cântico para
imobilizar Tìmì. Tímì caiu adormecido. O povo fez alarido e os tocadores
tocaram a vitória de Gbònkáà, que em seguida, despertou Tìmì e se afastou do
combate.
Xangô não gostou nem um
pouco. Mandou chamar Gbònkáà e lhe disse: “A árvore foi curvada, mas ainda
continua a crescer. Você tem curvado Tìmì, mas ele ainda vive; portanto, você
deverá lutar novamente.”
Furioso com o que ouviu, Gbònkáà
respondeu a Xangô: “Duas vezes eu lutei contra Tìmì para satisfazê-lo e duas
vezes eu o derrotei. Isso não tem lhe agradado. Suponho que nunca ficará
satisfeito enquanto nós dois estivermos vivos. Muito bem, lutarei a última vez
contra Tìmì. Depois, a luta será entre mim e você. Um de nós deverá deixar Òyó
para sempre.”
Assim, os dois heróis se
enfrentaram pela terceira vez. Estava a multidão reunida e os músicos
novamente. Xangô se sentou na sua cadeira em formato de pilão, colocada sobre
ela uma pele de leopardo. Da mesma forma como antes, Gbònkáà dominou Tìmì com
seu encantamento. Com sua espada ele cortou a cabeça de Tìmì e jogou aos pés de
Xangô dizendo: “Aqui está a cabeça que tanto querias.” Xangô se levantou
bastante irritado e ordenou a seus guardas que agarrassem Gbònkáà e o matassem
com fogo.
Armaram uma enorme fogueira,
amarraram Gbònkáà com cordas fortes e o lançaram às chamas. O povo chegou perto
da fogueira para ver o herói morrer. Mas, para surpresa de todos, Gbònkáà se
ergueu em meio às chamas e fixou os olhos em Xangô. Quando as cordas foram
consumidas pelo fogo, ele andou nas chamas sem que elas o queimassem. O povo de
Òyó que a tudo assistia ficou aterrorizado. Somente Xangô e sua esposa Oya
permaneceram no local enquanto o povo fugia apavorado. Gbònkáà se aproximou de
Xangô, mostrou seu corpo sem nenhuma queimadura e disse: “Agora, Xangô, tudo
acabou pra você em Òyó. Deixe a cidade em 5 dias e nunca mais retorne. Em
represália, Xangô abriu sua boca, e uma enorme chama envolveu Gbònkáà; porém,
resistiu a ela, não lhe causando qualquer dano. Vendo que nada poderia derrotar
Gbònkáà, Xangô, retirou-se para seu palácio.
Quatro dias haviam se passado
e o povo de Òyó cantava louvores a Gbònkáà, agora seu novo líder. Ao anoitecer
do quarto dia, Xangô demonstrou vontade de deixar Òyó sem luta, num exílio
voluntário. Na escuridão da noite, acompanhado de Oya e de seus criados fieis,
seguiu viagem em direção à cidade de Tápà, com o intuito de ficar com a mãe.
Por sete anos, Xangô havia governado Òyó. E agora se retirava triste vendo seu
povo se voltar contra ele tendo ele feito tanto pela cidade de Òyó.
Pelas florestas seguia a
comitiva de Xangô, que raramente falava. Estavam todos angustiados. Em certo
ponto da caminhada, Xangô notou que seu criados abandonaram o exílio e somente
sua esposa Oya permanecia com ele. Xangô fitou Oya e disse:
“Ko kin burú Títí ki o ma
enìkan mò ni.”
“Por pior que alguém seja,
há sempre quem goste da gente.”
Dizendo isso, pediu que Oya
o aguardasse no local e se retirou para o interior da floresta. Lá, pegou uma
corda e a amarrou numa árvore denominada àyàn, enforcando-se. Oya que estava
aguardando, ao perceber que Xangô demorava, resolveu ir até o local onde ele
podia estar. E lá o encontrou enforcado. Ficou desesperada e voltou para Òyó,
gritando que Xangô havia se suicidado. Os adversários de Xangô se rejubilaram e
fizeram festas pelo acontecido, gritando: “Oba so! Oba so!, - o rei se
enforcou.” A partir daí, começaram a humilhar e a brigar com os adeptos de
Xangô.
Oya foi procurar Mógbà,
auxiliares diretos de Xangô, e com eles retornou à floresta. No local em que
deveria estar o corpo de Xangô nada foi encontrado. Ouviram, porém, a voz dele
vinda de dentro da terra, dizendo que havia se tornado Òrìsà (Orixá) e que
deveriam voltar para Òyó, pois todos teriam uma lição do seu poder.
Lá retornando, relataram o
acontecido, mas não se importaram e continuaram a festejar. De repente, o céu
começou a escurecer acompanhado de fortes ventanias; raios caiam em todas as
direções atingindo as casas e as incendiando. A tempestade envolveu Oya e fez
as rochas se deslocarem, destruindo caminhos e causando mortes.
O Bàbáláwo da cidade foi
convocado para descobrir a causa de tudo. “É Sàngó (Xangô)! Ele está zangado
pela afronta que recebeu de seu povo.” Pediu que trouxessem oferendas para
serem preparadas: aves, carneiros, azeite de dendê e orógbó. Seguiram para o
local onde se sabia que Xangô havia morrido e lá depositaram as obrigações.
Olharam para o céu e viram o sinal de aceitação de Xangô, surgindo o seu
símbolo de formato similar ao machado de dois gumes e denominado osé iná(n),
formado pelos raios que brilhavam. Então, todos começaram a gritar: “Oba kò so!
Oba kò so! – O rei não se enforcou!”, que passou a ser a frase que simbolizava
a fidelidade a Xangô e que deveria ser sempre repetida. Então, a natureza se
acalmou com aquele ato de devoção e submissão.
O local se tornou então um
santuário popularíssimo de Xangô, nos arredores da atual Òyó, onde os
sucessores dos reis e descendentes de Xangô são tradicionalmente coroados. A
árvore – igi àyàn – passou a representar o caminho que conduziu Xangô à
divinização como Orixá, em cuja base são depositados os sacrifícios e
oferendas. Quanto a Oya, companheira até os últimos momentos de Xangô, então
sozinha, resolveu retornar a Tápà, mais precisamente à cidade de Irá, sua terra
de origem, lá desaparecendo no interior da terra, surgindo depois sob o encanto
dos ventos predecessores das tempestades, dos raios e trovões. Em sua memória,
o povo Yorubá associou-a ao rio Níger, dando-lhe o nome de Odò Oya, cujo delta,
formado por nove cursos d’água, reverencia seus nove filhos postos no mundo.
Conclusão:
Outra variante da história
revela que a razão de as casas terem sido incendiadas foi devida a uma ordem
recebida pelos Mógbà (servos de Xangô) para que fossem à terra de Ìbàrìbà e lá
buscassem algo que fizesse com que Xangô se tornasse respeitado por todos, e
não continuasse sendo motivo de ridículo. Conseguiram algumas folhas mágicas de
Òsányìn (Osanhe) e colocaram-nas nas casas dos adversários, e estas começaram a
queimar, alastrando-se o fogo por toda a cidade. A cidade de Ìbàrìbà é sempre
citada nos relatos primordiais quando se fazem necessários trabalhos de grande
magia.
Xangô representa o princípio
da justiça, é visto como o justiceiro de Olódùmarè e cognominado de Oba Jàkúta
(já-lançar; òkúta – pedras) que seriam os edùn àrá (edùn – machado; àrá –
trovão, relâmpago) meteoritos que atingem a Terra. Essas pedras se prestam para
os assentamentos de Xangô nos cultos religiosos.
Seus elementos são o fogo,
os raios e os trovões. Apesar de sua natureza violenta, Xangô possui o poder da
fertilidade através das chuvas que se seguem ao som dos trovões, reabastecendo
o solo, os lagos e os rios, oferecendo à humanidade uma de suas necessidades
básicas.
Notas:
Òyó:
Antigo império Yorubá
situado na curvatura do rio Níger, ao norte. No apogeu rivalizava com Ifè. Lá o
culto a Xangô tem uma atenção maior aonde fica situada a floresta da Costa do
Guiné, que figura como a segunda floresta em todo o mundo em frequência de
raios e trovões.
Aláààfin:
Título dos soberanos de Òyó
e que foram os seguintes: 10 – Òrán-míyàn; 20 – Àjàkà; 30
– Sàngó (Xangô); 40 – Àjàkà; 50 – Aganjú. Os Yorubás se
denominavam filhos de Odùdúwà, tendo encabeçado a lista dos reis de muitas
cidades. Como era costume dar primazia a Odùdúwà nas fundações das cidades
Yorubás, sendo sempre o primeiro soberano, o fato explica a razão de Xangô ser
o quarto rei de Òyó, sendo Odùdúwà o primeiro.
Ofo:
Recitações de encantamentos.
Osé:
Símbolo de Xangô em formato
de machado ou cifre de carneiro. Representa o seu poder destrutivo. É uma
representação de dois raios em direções opostas, denotando a condição de que a
justiça é cega, sendo a potência do relâmpago comparada ao machado.
Dáda:
Nome dado às crianças que
nascem com um tufo de cabelo em forma de coroa.
Èdè:
Cidade situada a sudoeste de
Òsogbo, cujo soberano é denominado Tìmì Èdè.
Odó:
O pilão. Um dos símbolos por
excelência de Xangô, devendo ser colocado de cabeça pra baixo, devido ao seu
peso, servindo como suporte e trono para a imponência de Xangô. Símbolo de seu
poder.
Àyàn:
Árvores também conhecidas
como Igi Ajé (Distemonanthus) e confundida com obì, Justificando Xangô ter isso
como kizila (aquilo que faz mal ou não agrada) por ter se enforcado numa
árvore de Obì.
Orógbó (Gracinia
Gnetoidedes):
Fruto em forma de pêssego e
cuja a semente em formato liso e ovalado é indispensável nas oferendas de
Xangô. “Orógbó ní obì bàbá mi.” (“O Orógbó é o obì de meu pai”). Ao contrário
do Obì, não abre em gomos, sendo necessário um tipo de corte especial para
servir como oferenda e modalidade de jogo.
Kábíyèsí:
Saudação que se faz a um rei
ou quando se ouve o som do trovão.
Bàbáláwo:
Sacerdote responsável pela consulta
com o plano divino através de diversos sistemas divinatórios denominados Ifá.
Oya:
Também conhecida como Yánsàn
(Yansã), cuja origem seria de três expressões distintas: a) Aborí Amésan –
aquela que possui nove cabeças; no templo de Oya, em Okoro, existe uma imagem
dela com oito cabeças em torno de uma maior, que simboliza o delta do rio Níger;
b) Ìyá mésan òrun – mãe dos nove filhos postos no mundo, ou alusão aos nove
espaços que servem de morada para os seres divinos; c) Ìyá òsan – mãe da tarde;
expressão dita por Xangô ao comparar a beleza de Oya ao maravilhoso crepúsculo
africano.
Irá:
“Oya wolè ni Irá, SSàngó
wolè ni Kòso.”
Oya entro na terra de Irá, Xangô
entrou na terra de Kóso.”
Expressão usada nos textos
para indicar a transformação de seres históricos e mitológicos em divindade.
Dàda Àjákà:
Filho mais velho de
Òránmíyàn; após ceder o reino a Xangô foi viver em Isele, como revelam os cânticos
da roda de Xangô. O primeiro ato de Xangô no reino de Òyó com a abdicação de
Xangô. Posteriormente substituído por Aganjú, seu filho.
Baàyànnì:
É a irmã mais velha de
Xangô, que veio a se suicidar quando soube que ele se enforcou. Seu nome é uma
expressão “Bàbá yán ni” – “Papai escolheu-me”, dita quando foi constada que ele
era a encarnação de um ancestral da linhagem paterna. Também é a denominação de
uma coroa feita de búzios e, em outros casos, denominação da mãe de Xangô.
A fundadora do Candomblé do
Gantois – Àse Ìyá Omi Ìyámase – Maria Julia da Conceição Nazareth, era filha de
Dàda Baàyànnì Àjàkú.
Olùfínràn:
Era o nome pelo qual Xangô
era conhecido: fínràn – aquele que procura disputas, o provocador. Xangô era
conhecido por provocar brigas e disputas, a ponto de Sànpònná (Xapanã), também
conhecido como Omolu, sempre interceder por ele. Ambos são originados de Tápà e
se dizem irmãos, a ponto de os devotos de Xangô se considerarem imunes às
doenças infligidas por Sànpònná, conforme o dito: “Kò si ohun ti ègbón mà fí
omo àbúrò se.” (“Não há mal que o irmão mais velho possa fazer ao mais novo.”)
Autor: Eosphorus Pluto
Eleutherios
Blog: Bruxaria Sem Dogmas
Referência: Mitos Yorubás (o
outro lado do conhecimento). Autor: José Beniste.
José Beniste é escritor,
historiador, pesquisador de Cultura Afro-Brasileira, é integrante de movimentos
que visam à restauração da dignidade religiosa do afrodescendente. Iniciado
pela Sociedade Axé Opô Afonjá, em 1984, é diretor do Curso Brasil-Nigéria, fundado
em 1982. Ministra aulas de Língua Yorubá.
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Adorei,conhecimento essencial.Muito obrigado por compartilhar
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado!!!
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